O imperador do Japão comemorou o último aniversário no Palácio real

Akihito vai abdicar para o seu filho mais velho, Naruhito, de 58 anos, a 30 de Abril. No seu reinado de três décadas, esforçou-se por criar uma consciência do passado durante a II Guerra e consolar os japoneses.

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A princesa Masako, o príncipe Naruhito, o imperador Akihito e a imperatriz Michiko KIMIMASA MAYAMA/EPA

Mais de 82 mil pessoas festejaram em Tóquio o aniversário do imperador japonês Akihito, que fez 85 anos este domingo – é a última celebração no Palácio Imperial do seu aniversário, pois Akihito pretende abdicar do Trono do Crisântemo e a data marcada para o passar para o seu filho Naruhito, de 58 anos, é 30 de Abril de 2019.

É um acontecimento raro: a última vez que um imperador do Japão abdicou do trono foi em 1817. Mas Akihito, que foi operado ao coração e recebeu tratamento para o cancro da próstata, já manifestava há muito a intenção de abdicar. E não tem os poderes considerados divinos dos seus antepassados. A sua posição é sobretudo cerimonial, com as das monarquias europeias modernas.

Embora não tenha o poder de influenciar directamente a política – esse papel cabe ao Governo – Akihito esforçou-se por criar uma consciência alargada do passado japonês durante a II Guerra, através de um reinado de três décadas, pleno de simbolismo, conhecido como Heisei – a era de “conseguir a paz”, em japonês.

O legado mais importante de Akihito e da imperatriz Michiko foi lidar com a herança da II Guerra Mundial, em que o Japão entrou em nome do seu pai, o imperador Hirohito.

Outra tarefa sempre presente foi também a de consolar vítimas dos frequentes desastres naturais que afectam o seu país, como sismos, tsunamis, e grandes tempestades – e até o maior acidente nuclear civil da história, ocorrido na central de Fukushima.

Mesmo neste dia do seu aniversário, o tema não pôde deixar de estar presente: “Os meus pensamentos vão para aqueles que perderam familiares ou amigos, ou que sofreram danos e que estão com problemas na vida”, disse o imperador”, recordando os desastres naturais sofridos pelo Japão durante o ano que passou.

Este tom de conciliação do imperador contrasta com o do primeiro-ministro Shinzo Abe, que se destaca por ser pretender apagar a histórica posição do Japão de pedir perdão pelos crimes de guerra e agressão militar, e tem como objectivo a revisão da Constituição para a criação de um exército com poder ofensivo.

Neste momento, o Japão, que se está a ver com problemas no mercado de trabalho devido ao envelhecimento da população – e ao desejo dos mais jovens de ter outras opções de vida que não se ajustam às necessidades das empresas para assegurar o desenvolvimento económico – está a iniciar uma abertura histórica à imigração.

Já este mês, foi aprovada legislação que permitirá a entrada de mais trabalhadores não qualificados, para suprir as necessidades. E o imperador não os esqueceu no seu discurso de aniversário: “Espero que o povo japonês consiga receber os que vêm trabalhar para o Japão, de forma calorosa, como membros da nossa sociedade​.”

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