Matemática A: Iave não alterou critérios mas confirma que instruções aos correctores contrariam exame

Esclarecimento do Iave dá conta de que não existiam critérios definidos para as perguntas de escolha múltipla relativas aos dois programas de Matemática e diz que optou por não seguir as instruções dadas no exame para não prejudicar os alunos, já que estes foram confrontados com uma situação nova.

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O exame de Matemática foi contestado por alunos e professores Paulo Pimenta

O Instituto de Avaliação Educativa (Iave), responsável pela elaboração e classificação dos exames nacionais, afirmou nesta sexta-feira que “não existe nenhuma alteração aos critérios” de correcção do exame de Matemática A, realizado na segunda-feira passada, pela simples razão de que nestes “não estão definidos quaisquer procedimentos ou instruções que se apliquem à situação descrita” na notícia divulgada nesta quinta-feira pelo PÚBLICO. Os "critérios de correcção" são o documento que o Iave produz, e que é disponibilizado no próprio dia do exame, à luz do qual os professores avaliam as provas dos alunos.

No esclarecimento enviado nesta sexta-feira à comunicação social o Iave confirma, contudo, que uma nota enviada aos professores classificadores, já nesta quinta-feira (ou seja, três dias depois do exame), não corresponde “às instruções de realização apresentadas no enunciado da prova” que os alunos fizeram.

Em causa, como descreveu o PÚBLICO, estão três blocos do exame de Matemática A, todos eles de escolha múltipla, em que eram feitas perguntas em alternativa: uma dirigida aos alunos que estudaram pelo programa que esteve em vigor até 2015; outra para os estudantes que já seguiram o novo programa.

Em qualquer bloco é dada a informação sobre a que programa respeita cada item, com a seguinte formulação: “Os dois itens que se apresentam a seguir são itens em alternativa (…). Responda apenas a um dos dois itens. Na sua folha de respostas identifique claramente o item seleccionado."

Mas na nota posteriormente enviada aos professores correctores, o Iave dá instruções opostas, estipulando que se o aluno tiver acabado por responder aos dois itens e uma das respostas estiver correcta, “esta deve ser considerada” para efeitos de cotação.

No seu esclarecimento público, o Iave confirma estas instruções, justificando que decorrem de “informações de professores classificadores de que alguns alunos” não seguiram o que se pedia na prova e, em vez de responder a um só item, responderam aos dois, apesar destes serem apresentados em alternativa.

Como esta situação “não estava presente em provas de anos anteriores, as quais muitos alunos analisam e resolvem na fase de preparação para o exame”, o Iave decidiu que “não podia aceitar que os alunos em situação de exame, não cumprindo uma instrução, mas ainda assim produzindo uma resposta válida (…) possam ser prejudicados”.

“Em suma, a instrução transmitida aos professores classificadores visa responder adequadamente a uma situação que decorre dos constrangimentos colocados ao Iave na construção desta prova, resultantes da diversidade de documentos curriculares que constituíram os seus referenciais”, afirma ainda este instituto público, que está sob a tutela do Ministério da Educação.

Tanto a Associação de Professores de Matemática, como a Sociedade Portuguesa de Matemática insistiram ao longo de todo o ano lectivo passado na necessidade de o Iave disponibilizar uma prova-tipo que acomodasse as alterações que iriam ser feitas no exame, de modo a que os alunos não fossem surpreendidos quando se apresentassem para a sua realização.

O Iave não acatou este pedido, embora reconheça agora que os alunos foram confrontados com situações que desconheciam.

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