Turismo de experiências: a escolha da geração Y

Se fizermos um estudo daqui a umas décadas que reflicta as milhas percorridas por indivíduo, não tenho dúvidas de que a Geração Y será campeã perante os seus antepassados. É uma geração seduzida pelas imagens que entram pelos olhos dentro através da web

Philipp Kammerer/Unsplash
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Mafalda G. Moutinho é fundadora e editora da Plataforma Bisturi Cidadania Ativa
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Mafalda G. Moutinho é fundadora e editora da Plataforma Bisturi Cidadania Ativa

O sector do turismo tem sabido, e bem, adaptar-se aos desafios dos dias do presente e do futuro, sendo as suas ofertas cada vez mais personalizáveis e dinâmicas, abraçando aquilo que os millennials procuram — e que, curiosamente, não é assim tão diferente daquilo que as gerações mais velhas procuram. Mudam o formato e o estofo económicos, naturalmente diferentes.

Beijar o mundo, conhecer novas culturas, conhecer melhor o nosso país e abrir contacto com a natureza, encarando estas descobertas como enriquecimento social e pessoal, tornou-se uma necessidade humana como outra qualquer; nos casos errados para colar nas redes sociais, nos casos certos como crescimento pessoal.

A palavra-chave que, hoje em dia, acrescenta valor a qualquer oferta turística é, sem dúvida, "experiências". E, naturalmente, não é por acaso que abrimos o site do AirBnb e vemos lá a secção "Experiências".

Não é por acaso que o turismo rural abriu portas e faz constantes parcerias com experiências de contacto com a natureza e animais.

Não é ao acaso que são construídas casas em cima de árvores, tendas de luxo ao ar livre com paisagens de sonho no meio de uma natureza que se veste pura e apaixonante, distante do restante mundo.

Não é ao acaso que o conceito de agro e ecoturismo cresce e não é por acaso que o turismo de voluntariado conhece dias de grande procura. Não é ao acaso que muitos de nós, cujo contacto com o campo sempre foi mínimo, não nos importamos e procuramos pagar para meter as mãos na terra, aprender a vindimar ou a plantar.

E, por último, não foi ao acaso que a União Europeia abriu o programa Discover EU, que consiste na gratuitidade de um InterRail pela Europa fora para jovens com 18 anos. Há umas décadas, viajar era um luxo.

Repara que não deixou de o ser nos dias de hoje. Mas a verdade é que, perante um cenário de uma geração inteira mergulhada em casa dos pais até aos 30 (e nalguns casos até bem depois) — uma geração que não tem condições económicas nem logísticas para comprar casa própria, ma vez que os empregos cada vez mais são precários e exigem a mobilidade dos seus funcionários por este mundo fora —, viajar tornou-se uma opção quase prioritária.

Se, daqui a umas décadas, fizermos um estudo que reflicta as milhas percorridas por indivíduo, não tenho dúvidas de que a Geração Y será campeã perante os seus antepassados.

É uma geração seduzida pelas imagens que entram pelos olhos dentro através da web, dos filmes que vemos de destinos exóticos como a Costa Rica, o Cambodja, as Filipinas, a Tailândia, a Nova Zelândia, o Tibete, os Emirados Árabes, a África do Sul, a Islândia, a Austrália, os Estados Unidos da América, o México, o Nepal, etc.

Muitos são os que têm visto no trabalho voluntário uma oportunidade para conhecer estes países e estas culturas. Não admira que estas experiências já procurem dar formação aos voluntários antes do trabalho propriamente dito. Nem todos possuímos as habilidades para realizar voluntariado.

Já quem viaja por conta própria não deverá esquecer-se de que viajar para mundos desconhecidos envolve perigos. E quando não existe estofo económico para a abraçar num pack turístico organizado e seguro, cada cultura deve ser pré-estudada.

Alguns já conheceram a prisão ou viveram algumas experiências traumáticas devido à irresponsabilidade que é viajar para o desconhecido sem nenhum "pára-quedas" ou conhecimentos, ainda que mínimos.

A experiência vale sempre a pena quando nos deixamos ir com algum pragmatismo na mochila, que assim poderá regressar com crescimento e conhecimento.

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