BCP lucra com menos crédito em risco e mais clientes

O arranque do ano do BCP traduziu-se num aumento de 70,8% dos lucros para 85,6 milhões. Nuno Amado já prepara a sucessão e, sobre o Sporting, defendeu que o banco não toma decisões com base "numa folha branca".

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Nos primeiros três meses de 2018, o BCP apurou um lucro de 85,6 milhões de euros, ou seja, mais 70,8% face ao registado no mesmo período do ano anterior.

Na apresentação dos resultados trimestrais, o presidente executivo do BCP, Nuno Amado, considerou que o aumento do lucro se deveu ao “forte crescimento do contributo da actividade em Portugal” e à “evolução positiva do negócio internacional, com contributo estável deste mesmo negócio”.

A actividade em Portugal deu um contributo de 44,5 milhões de euros nos primeiros três meses de 2018, quase cinco vezes mais face aos nove milhões do mesmo período de 2017.

Para além do resultado trimestral positivo, Nuno Amado salientou como ponto "muito favorável", a evolução da carteira de crédito em risco "que tem vindo a cair trimestre a trimestre de forma sustentada": entre 2013 e Março de 2018 sofreu uma diminuição de 3,5 mil milhões.

"Só no primeiro trimestre de 2018 o crédito em risco reduziu-se em 500 milhões de euros, ficando em 6,3 mil milhões de euros [em 2013 a carteira era de 9,8 mil milhões], o que foi compensado por um aumento do crédito normal de 500 milhões de euros, que permitiu estabilizar a carteira".

Nos primeiros três meses de 2018 "verificou- se um reforço substancial de cobertura de imparidades (de 46 %), referiu ainda Nuno Amado, evidenciando um aumento de 380 mil clientes. Só nos 12 últimos meses "conquistámos mais 110 mil clientes".

"Somos [BCP] o maior banco privado em Portugal, isso é claro, com uma estrutura de capital equilibrada e lucrativo", disse Nuno Amado.

Juros negativos

"Pedimos ao Governo e aos supervisores que não prejudiquem os bancos portugueses e reequacionem a proposta de crédito de juros negativos [nos empréstimos à habitação], pois a medida não nos parece nem justa, nem equilibrada, nem proporcional", defendeu Amado, que admite que a medida "possa não ter cobertura legal". 

O presidente do BCP assegura, porém, que "vamos cumprir com o que vier a ser decidido", mas espero que a medida cumpra o que está previsto na Constituição da República. "Portugal não está numa ilha, está num processo (da União Bancaria) e peço que os decisores não nos enfraqueçam".

Sporting

Sobre o perdão da dívida do Sporting, o banco garante que o BCP não financia clubes de futebol desde 2013, não tendo intenção de vir a deter uma posição accionista no clube de Alvalade, uma referência ao processo relativo aos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC), instrumento que permite trocar créditos por capital. E que, na reestruturação acordada recentemente com o  clube, vai traduzir-se na prática numa redução de dívida de mais de 90 milhões de euros (em conjunto com o Novo Banco) através da recompra de 135 milhões de euros de VMOC por 40 milhões e consequente eliminação do risco para o banco.

Sobre o mesmo tema, Miguel Maya, que irá suceder a Nuno Amado na liderança do banco, destacou que "não está na matriz do BCP aceitar concessão de crédito no futebol" e "no BCP não decidimos com base numa folha branca”. O futuro presidente do banco controlado pelos chineses da Fosun adiantou também que “a obrigação da gestão é, perante uma situação concreta, defender o menor nível de perdas do ponto de vista económico e racional".

"Espero já ter passado a pasta ao dr. Miguel Maya antes do Verão" confessou Nuno Amado lembrando que os accionistas do BCP reunirão em assembleia geral a 30 de Maio. Amado deixará a liderança executiva do grupo para o actual vice-presidente Miguel Maya, ficando como presidente não executivo. Com Lusa

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