O candidato Tiririca

A questão está em saber que mais-valia candidatos como Tino de Rans trazem à discussão política nacional. Pouca ou nenhuma

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Daniel Rocha

Vitorino Silva, popularmente conhecido como “Tino de Rans”, é o candidato presidencial com menos orçamento para gastar na campanha eleitoral e também aquele que menos terá para dizer aos portugueses. Cerca de 50 mil euros é quanto este cidadão, ex-presidente da Junta de Freguesia de Rans (concelho de Penafiel), se proporá gastar até às vésperas de 24 deste mês, dia em que os portugueses escolhem o próximo Presidente da República. Mas, afinal, com que linhas de assessoria de comunicação vai coser-se Tino de Rans? Que tipo de mensagem vai deixar ao longo destes dias, durante os quais vai ter antena aberta nas televisões, rádios e jornais para fazer passar a sua mensagem. Seja ela qual for.

Não estão aqui em causa os direitos democráticos de um qualquer cidadão de se candidatar à Presidência da República. Longe disso. Assim cumpramos os critérios estabelecidos na Constituição, todos podemos ser candidatos. A questão aqui está em saber que mais-valia candidatos como Tino de Rans trazem à discussão política nacional. Pouca ou nenhuma.

Como é sabido, quanto mais não seja pelos profissionais da área (assessores de comunicação), uma boa mensagem política (tudo na vida é política, entendida no seu sentido mais lato) demora a elaborar, exige reflexão, discussão e muito planeamento. Em tempo de eleições, isso está, normalmente, associado a uma máquina partidária. Ora, Tino de Rans já fez saber por diversas vezes, que dispensa o apoio do PS. “Mesmo que o PS me quisesse apoiar eu não queria. Não quero estar ligado às máquinas políticas. Quero ser um Presidente da República livre, sem estar hipotecado a ninguém. Os políticos têm de deixar de ser uma vedeta”, disse, recentemente.

Assim como sucede(u) em países como os Estados Unidos da América, com Donald Trump, em Itália, Beppe Grillo, ou no Brasil, com o mais que famoso Tiririca, também Tino de Rans procura a glória fácil e propaganda grátis. Não é de crer que Vitorino Silva tenha algo de verdadeiramente assombroso para dizer ao país. Os restantes candidatos também não, concedamos. Mas querer passar a imagem de alguém que está na política, mas que não se assume como político, é algo de estafado, gasto. Em vias de abandonar o Palácio de Belém está um senhor que fez alarde desta condição e já lá vão cerca de 30 anos desde que assumiu algumas das rédeas do poder…

Por mais tímida que seja uma campanha eleitoral, e por mais modestos que possam ser os objectivos, é sempre preferível trabalhar com profissionais da comunicação. Mensagens aparentemente soltas, com uma elevada dose de voluntarismo e de verbo fácil, são de outros tempos. Assim saibam os verdadeiros políticos aproveitarem o lastro deixado em campanhas com estratégias e resultados brilhantes e esta ainda pode vir a ser uma batalha com boas propostas eleitorais. Para Tiririca, já bastam os candidatos de outras eleições…

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