“Os Dias do desassossego” celebram Pessoa e Saramago

Até dia 30, a Fundação José Saramago e a Casa Fernando Pessoa vão celebrar o livro e a leitura através da música, cinema e debates. Há eventos em vários locais da cidade de Lisboa

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A abertura decorre na Fundação José Saramago Pixabay

A Casa Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago, em Lisboa, juntam-se, a partir de 16 de Novembro, na iniciativa a que chamaram "Dias do desassossego", para celebrar o livro e a leitura, com música, cinema e debates.

A abertura, que decorre na Fundação José Saramago a 16 de Novembro, dia em que o Nobel da Literatura faria 93 anos, conta com a apresentação das bases da "Declaração Universal dos Deveres Humanos" proposta pelo Nobel da Literatura, um documento elaborado agora pela fundação, em parceria com a Universidade Autónoma do México. Mas há muito para ver até dia 30 de Novembro, a simbólica data em que o evento termina: assinalam-se 80 anos sobre a morte de Fernando Pessoa.

Entre a data de nascimento de Saramago e a data da morte de Pessoa, o propósito passa por "levar o livro e a leitura para a rua, tendo presente o que as duas casas trabalham como pólos agregadores da literatura e que querem aprofundar um diálogo com outras linguagens artísticas", disse o director da Fundação José Saramago, Sérgio Machado Letria, à agência Lusa.

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José Saramago faria 93 anos nesta segunda-feira, 16 de Novembro Nuno Ferreira Santos

Durante as próximas duas semanas, o programa contará com iniciativas tanto na Casa Fernando Pessoa como na Fundação José Saramago, mas também noutros espaços da cidade, nomeadamente o Musicbox, o Teatro São Luiz, escolas e o Hospital Júlio de Matos. "No fundo, o que propomos são diferentes tipos de leitura, através do cinema, com filmes que espelhem e pensem a leitura, com propostas de teatro ou com oficinas junto de escolas", explicou à Lusa a directora da Casa Fernando Pessoa, Clara Riso.

No cinema Monumental programaram-se três dias de cinema, com escolhas de filmes que dialogam com a literatura, sem necessariamente serem adaptações de obras literárias. As escolhas são de Pedro Mexia, Tiago Baptista, Osvaldo Silvestre e Mário Jorge Torres. Estão previstas ainda intervenções de arte nas ruas da cidade, em parceria com a GAU - Galeria de Arte Urbana, em locais e com artistas ainda a anunciar, e ainda uma oficina de criação poética de Miguel Horta com utentes do Hospital Júlio de Matos. O programa, que não tem iniciativas que se sobreponham, durante as próximas duas semanas, contará também com um espectáculo do pianista Mário Laginha, na quarta-feira, no CCB, intitulado "A biblioteca dos músicos", que incluirá duas peças inéditas dedicadas a Saramago e a Pessoa.

Os Dias do Desassossego — designação inspirada em "O Livro do Desassossego", de Bernardo Soares/Fernando Pessoa — Termina a 30 de Novembro, com a Casa Fernando Pessoa a assinalar os 80 anos da morte do poeta português. O actor João Grosso interpretará "Ode Marítima", do heterónimo Álvaro de Campos, no Teatro São Luiz, e Luís Miguel Cintra encenará, no Teatro da Cornucópia, um recital que demonstra as marcas de Pessoa na poesia portuguesa. Sérgio Machado Letria e Clara Riso estão em sintonia quando dizem que estas iniciativas pretendem "chamar a atenção para o potencial transformador do livro" e resumirem, em duas semanas, o trabalho de promoção da leitura que a Fundação José Saramago e a Casa Fernando Pessoa executam ao longo de um ano.

A parceria entre as duas estruturas culturais, que foi formalizada no começo deste ano, permitiu a criação de um bilhete conjunto que permite descontos a quem visitar os dois espaços, separados por cerca de 18 quilómetros. Mais de 1.400 visitantes utilizaram esse bilhete ao longo deste ano, segundo Clara Riso.

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