Sem “balonador”, o Homem-Aranha não falava

Além de argumentista de BD, Hugo Jesus legenda e desenha balões para as personagens

O estilo dos balões pode variar de país para país DR
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O estilo dos balões pode variar de país para país DR
No livro Trabalhadores do Comércio, Hugo escreveu, legendou e balonou ilustrações de André Caetano e Pedro Pires DR
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No livro Trabalhadores do Comércio, Hugo escreveu, legendou e balonou ilustrações de André Caetano e Pedro Pires DR

Não é um piloto de balões de ar quente, não é um pássaro, não é um avião, nem é o Super-Homem. No entanto, Hugo Jesus até pode vir a dar voz ao herói kryptoniano, isto se o seu portefólio como legendador e "balonador", recentemente enviado para os EUA, for apreciado.

Por cá, e para já, o também proprietário da loja de banda desenhada "O Lobo Mau", no Porto, vai desenvolvendo os seus projectos como argumentista (exemplo: "Trabalhadores do Comércio – Imbictus"; "Sonho Sem Fim"), algo que também lhe permite desenhar os balões para as falas das personagens e, ao mesmo tempo, legendá-las.

"Em Portugal, a 'balonagem' não é profissão, por isso só o faço naquilo que eu próprio escrevo. Mas como no nosso país a maior parte da BD é importada e precisa de ser traduzida, comecei como legendador. Fiz títulos da Marvel, DC, Dark Horse, Image e IDW", conta Hugo.

A 'balonagem' é quase como um árbitro de futebol

Como dar voz às páginas

Hugo Jesus prefere o estilo de balonagem americano

Adepto do método de legendagem digital, porque diz ter, à mão, "uma letra terrível", Hugo Jesus revela que, por exemplo, o processo de preenchimento, com legendas e balões, de um "comic" (livro de BD) de 22 páginas pode ser feito em cinco dias. "Também depende das páginas. Há páginas sem texto, outras só com um diálogo, ou ainda outras com onomatopeias, e essas dão muito trabalho. Legendar e 'balonar' uma página pode demorar entre uma a quatro horas."

No que diz respeito ao pagamento deste tipo de trabalho, Hugo refere que "a média, há uns quatro ou cinco anos, era de 2,5 euros por página". A comparação com o mercado dos EUA é inevitável e o autor, mesmo fazendo referência para o estado precário da economia, revela que, dependendo do nome de quem faz o trabalho, a remuneração é de 20 a 40 dólares (aproximadamente 14 a 28 euros) por página.

Talvez por causa disso, mas não só, o objectivo presente de Hugo é trabalhar no mercado norte-americano. Quanto ao sonho, esse seria o de um dia "balonar" e fazer o "lettering" do "Amazing Spider-Man", ainda que também gostasse de "ter uma perninha na DC e fazer um Batman ou uma Liga da Justiça".

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