Furto a ATM devia ser considerado criminalidade violenta, diz associação de Guardas

Associação dos Profissionais da Guarda diz que diminuição em 8,7% da criminalidade violenta se trata de "um jogo de números".

Foto
Os furtos em máquinas de multibanco aumentaram 73,5% no ano passado Nuno Ferreira Santos

O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, defendeu hoje que o furto a máquinas Multibanco, que aumentou 73,5% no ano passado, devia ser considerado como "criminalidade violenta".

Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2017, o furto a máquinas de ATM registou, em 2017, um aumento de 73,5%, face ao ano anterior, tendo registado o seu máximo em Outubro com 38 ocorrências. A criminalidade violenta e grave diminuiu 8,7% no ano passado, em relação a 2016, enquanto os crimes gerais aumentaram 3,3%, refere ainda.

Comentando este aumento e a diminuição em 8,7% da criminalidade violenta e grave no ano passado, César Nogueira disse que se trata de "um jogo de números".

"Os roubos a caixas ATM não estão considerados como criminalidade violenta", mas deviam estar porque na "maior parte das vezes" são utilizadas "botijas de gás que provocam explosões, danificam bastante os edifícios" e podem "pôr em risco as vidas das pessoas", defendeu o responsável.

"Só por aí descem logo os números [da criminalidade violenta]", disse, afirmando que "nos sucessivos RASI se tem jogado um bocado com os números", para "dar uma indicação enganosa de que a criminalidade violenta baixou".

Mas o facto é que "não baixou, simplesmente os números [dos roubos a caixas ATM] não estão incluídos na criminalidade violenta, mesmo sendo", sustentou César Nogueira.

O RASI aponta também uma diminuição de 1,1% em 2017, face ao ano anterior, no número de elementos da GNR, PSP, PJ, SEF e Polícia Marítima.

Para César Nogueira, a redução de efectivos "não é nada de novo": "com a saída de profissionais [da GNR] para a situação de reserva e de reforma e com as entradas mais reduzidas de novos elementos, que nestes últimos anos foram sempre menos de metade daqueles que saíram, foi diminuindo o efectivo e isso nota-se muito no terreno".

Segundo o presidente da associação, a GNR tem um défice de 4 mil profissionais. Deviam ser 26 mil e actualmente são cerca de 22 mil. "Era necessário que de imediato fosse lançado um concurso para cerca de mil profissionais e nos próximos anos colmatar essa necessidade", defendeu à Lusa.

O RASI, que foi entregue quinta-feira na Assembleia da República, adianta que, em 2017, registou-se uma diminuição de 20,7% de novos formandos em relação a 2016, enquanto o número de elementos que cessaram funções aumentou 20,6%.

No total, saíram 1.575 elementos da GNR, PSP, PJ, SEF e PM em 2017 e ingressaram nestas polícias 808 pessoas.

O relatório reúne os indicadores de criminalidade registados pela Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Autoridade Tributária e Aduaneira e Polícia Judiciária Militar.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários