Fernando Negrão pede desculpa aos deputados do PSD

Líder parlamentar do PSD esforça-se para fomentar um clima de harmonia no interior da bancada e diz que grupo fez uma “catarse”.

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Negrão tenta paz na bancada LUSA/MÁRIO CRUZ

Menos de 24 horas depois do primeiro frente-a-frente parlamentar com Antonio Costa - os dois já se haviam cruzado na Câmara de Lisboa - Fernando Negrão reuniu-se com os deputados do PSD. A reunião começou com uma tentativa de apaziguamento. 

O novo líder parlamentar do PSD pediu desculpas aos deputados da sua bancada pelas declarações que fez sobre a falta de ética dos parlamentares após as eleições para a liderança da bancada. Foi assim que Fernando Negrão se dirigiu aos deputados na reunião da bancada desta manhã, uma reunião em que ouviu muitas críticas mesmo por parte de apoiantes de Rui Rio. À saída, o líder da bancada confirmou aos jornalistas o pedido de desculpas mas deu os problemas como “resolvidos”.

“Todos nós fizemos uma catarse”, afirmou, assegurando que a reunião “foi muito positiva, que “os problemas foram resolvidos” e que o grupo parlamentar “está unido e coeso”.

Questionado sobre se o pedido de desculpas é sinal de fraqueza ou de grandeza, Fernando Negrão remeteu para a leitura que os deputados fazem: “Não sei. Os deputados fazem a sua interpretação”. O líder parlamentar não quis entrar em pormenores sobre o que o levou a pedir desculpas, alegando excesso de linguagem. 

Fernando Negrão foi eleito para a liderança da bancada com apenas com 35 votos a favor (em 88 deputados - um faltou), 32 brancos e 21 nulos, números que sugeriam que deputados que faziam parte da sua lista (35) não teriam votado a seu favor. Nesse sentido, o líder eleito assumiu o cargo mas disse que havia um "problema de ética" nos deputados. 

O líder parlamentar quis sublinhar que os problemas estão ultrapassados. “A conversa foi muito franca, muito frontal”, disse. A frontalidade foi, de facto, usada por alguns deputados que não se coibiram de criticar o processo de escolha de Fernando Negrão e a leitura que foi feita dos resultados.

Logo ao pedido de desculpas de Fernando Negrão, pediram a palavra todos os ex-líderes da bancada que ainda são deputados – Luís Montenegro, Marques Guedes, José Pedro Aguiar Branco e Hugo Soares. A intervenção mais dura foi a de José Pedro Aguiar-Branco que disse ser amigo de Rui Rio, mas que criticou todo o processo de eleição da bancada, lembrando que quando perdeu as eleições para a liderança do partido contra Pedro Passos Coelho em 2010, este o convidou para se manter à frente da bancada. 

Outra das intervenções violentas foi a de Teresa Morais, ex-secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares, que criticou o processo de eleição de Fernando Negrão e a escolha da equipa de direcção.

Esta sexta-feira há eleições para a escolha dos coordenadores e vice-coordenadores. Rui Rio só irá para estar na próxima reunião de bancada, na quinta-feira, confirmou aos jornalistas Fernando Negrão. Também Rio tinha falado sobre o assunto, de visita à Bolsa de Turismo de Lisboa. "Agora, numa primeira oportunidade. Vai ser eleita a direcção toda, penso que hoje ou amanhã [sexta-feira] e depois a partir da próxima semana então irei lá".

Rui Rio disse ainda, à entrada para o almoço com a líder do CDS, Assunção Cristas, que ficou muito agradado com a prestação de Negrão. "O debate de ontem, muito pelo tom que o dr. Fernando Negrão imprimiu, foi um debate com um cariz diferente, e acho que melhor", afirmou.

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