O que quiser saber sobre chá, pergunte a Maria Ana Silva Vieira

Receitas à Volta do Chá é um livro. Para breve está previsto um site de venda de chá e de experiências.

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Depois do curso na área da Educação, Ana Maria Silva Vieira teve de dedicar-se "intensamente" à família e foi nessa altura que descobriu o chá e passou a olhá-lo de uma maneira diferente. Receitas à Volta do Chá é o título, editado pela Oficina do Livro, que resume o seu gosto, a curiosidade e as propostas que desvendam que o chá também pode ser usado na confecção de refeições. Para breve vai abrir uma loja online, a Noblea.

“A minha busca por produtos que proporcionassem o bem-estar físico e mental fez com que começasse a olhar para o chá de uma maneira diferente. Descobri que o chá é mais do que uma simples bebida. Está repleto de benefícios para a saúde e de histórias fascinantes que é impossível não nos encantar. Apaixonei-me por esta bebida milenar e por tudo o que estava relacionado com ela”, conta ao PÚBLICO.

E por que não fazer do chá uma profissão? Foi o que pensou na altura. Por isso, fez formações e especializações em Barcelona, com Victoria Bisogno, fundadora do maior clube de difusão da cultura do chá, o El Club del Te; em Londres, onde frequentou a Tea Masterclasses do Claridge's Hotel; e em Paris na loja Mariage Frères consolidou conhecimentos e tendências. Além disso, viajou até ao Oriente, a terra do chá onde descobriu outra vocação, a de ser blender e sommelier de chá.

“À semelhança daquilo que acontece com os sommeliers de vinho, também no mundo dos chás, uma sommelier é alguém que tem um conhecimento sobre o chá, sobre a sua história, cultura e produção. Entre outras coisas, é alguém responsável pela elaboração de cartas de chá e serviços de afternoon tea em hotéis ou salões de chá, assim como, pela harmonização do chá com diferentes alimentos”, explica Ana Maria Silva Vieira, que é consultora nesta área para as Pousadas de Portugal.

No livro, a autora põe em prática muito do que aprendeu, revelando não só a história do chá, como este se expandiu para o Ocidente, como chegou a Portugal e como se tornou, graças a uma rainha da Casa de Bragança, um hábito. Aliás, a expressão “chá das cinco” também se deve a Catarina de Bragança que costumava tomar chá por volta dessa hora, na sua corte em Inglaterra – o prefácio é da actual duquesa de Bragança.

Ana Maria Silva Vieira explica ainda quantos tipos de chá existem, o que são blends, as diferenças entre o chá em folha e saquetas, como se prepara um chá, como guardá-lo e, depois, sugere receitas com chá – não só receitas de chás quentes e gelados, mas também pratos doces e salgados. “Durante o meu percurso, passei por lugares que me fizeram perceber que é possível utilizar o chá para além da chávena. Por exemplo, o uso do chá na gastronomia japonesa é muito comum. É possível encontrarmos chocolates, bolos, bolachas e pratos salgados feitos à base de chá”, justifica. “De repente, comecei também a criar e a recriar pratos utilizando o chá como ingrediente principal”, acrescenta.

Depois do livro, que chega às livrarias na próxima quarta-feira, o projecto seguinte é abrir uma loja online. Chama-se Noblea – tea beyond the cup e pretende ser um espaço onde além da venda de chás seleccionados e produtos à volta do chá, a empresária vai revelar as tendências neste sector, assim como promover provas de chá. “Pretendo criar oportunidades para que os meus clientes tenham experiências de consumo inesquecíveis e acesso aos chás de folhas soltas oriundos dos melhores terroirs do mundo”, resume. 

Tal como no vinho ou no café, também no chá se fala em terroir, ou seja o conjunto de factores (do terreno à meteorologia) que influenciam o sabor do chá. E também é possível fazer tea paring, ou seja, harmonizações entre chás e alimentos? Ana Maria Silva Vieira responde que sim: “Também os diferentes tipos de chá 'casam' melhor com uns alimentos do que com outros e, portanto, também com o chá é possível fazer harmonização com diferentes alimentos, desde chocolates, queijos, pratos doces ou salgados.”

E a sommelier dá algumas sugestões. Por exemplo, os chás mais intensos, como os pretos de folha partida, acompanham bem pratos mais condimentados. Já os mais suaves, de folha inteira, vão bem com bolos, scones, queijo, marmelada e doces. Os chás verdes japoneses “combinam perfeitamente” com peixes e doces cremosos; já os verdes chineses ficam bem com doces “mais simples” ou com frutas. “O objectivo é dar atenção aos sabores para que não se anulem entre si, encontrar uma combinação perfeita de sabores que permitam uma experiência gastronómica inesquecível”, recomenda.

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