Partidos posicionam-se pensar nas regionais de 2019 na Madeira

Expectativa de um fim de ciclo político no arquipélago está a agitar as agendas partidárias. PS mudou a liderança. CDS fará o mesmo até ao final do ano. No Bloco, pela primeira vez, há adversários para a liderança.

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Miguel Albuquerque vai ter concorrência activa das oposições nas Regionais de 2019 gc Gregorio Cunha - colaborador

Na Madeira, 2019 é já ao virar da esquina. A um ano e meio de distância as eleições regionais estão a marcar as agendas partidárias. Primeiro foi o PS a arrumar a casa. Os socialistas, que realizam o congresso regional no próximo fim-de-semana, onde será consagrada a nova liderança, foram lestos a clarificar o rumo desejado face às diferentes sensibilidades internas.

Logo depois das autárquicas, que até deram um bom resultado ao partido (o segundo mais votado, atrás do PSD), já era contestada a liderança de Carlos Pereira, que pegou no PS em 2015 no rescaldo do desastre das regionais desse ano.

Emanuel Câmara, o autarca que repetiu em Outubro a maioria absoluta no município do Porto Moniz, no extremo norte da ilha, lançou-se na corrida à presidência dos socialistas madeirenses, acenando com o nome que tem, com excepção do PCP, mobilizado toda a esquerda madeirense: Paulo Cafôfo. O independente que preside ao Funchal desde 2013 foi apresentado como futuro candidato ao governo regional, acabando por desequilibrar a balança para o lado desta solução.

Após a derrota, Pereira regressa à Assembleia da República, onde é vice-presidente da bancada socialista. Já Câmara tem 2019 no horizonte. Antes, tem que unir um partido com um histórico de lutas intestinas, e tem que convencer o eleitorado que o PS é uma alternativa válida ao PSD, que governa o arquipélago desde 1976.

Mais à esquerda, o Bloco, onde as lideranças e transições sempre foram pacíficas, também tenta posicionar-se para 2019. Num partido que na Madeira é herdeiro do capital político da UDP de Paulo Martins e Guida Vieira, dois históricos dirigentes e deputados regionais, o anúncio, já em Dezembro, de Paulino Ascenção de se candidatar à liderança contra o actual coordenador regional, Roberto Almada, começou por chocar.

Ascenção, que em 2015 fez história ao ser eleito para a Assembleia da República – foi o primeiro deputado que BE-Madeira conseguiu sentar em São Bento –, discorda da estratégia adoptada pelo partido nas autárquicas.

“Um partido não pode ser uma sociedade unipessoal”, vincou no passado fim-de-semana, quando oficializou a candidatura a coordenador regional dos bloquistas. O alvo é Roberto Almada, à frente do partido desde 2008, a quem Paulino Ascenção acusa de falta de ambição. No centro da argumentação estão os resultados de Outubro. Com excepção do Funchal, onde o Bloco integrou a coligação liderada pelo PS que elegeu Paulo Cafôfo, os resultados ficaram aquém. Outras das críticas é para a proximidade com Cafôfo, principalmente agora que o independente já se comprometeu com o PS para as regionais de 2019.

O autarca do Funchal será assim uma espécie de elefante na sala na VII Convenção Regional do Bloco, marcada para 4 de Março. É para lá que Paulino Ascenção aponta e é para lá que Roberto Almada converge. Ele, que face às críticas do opositor, tem-se remetido ao silêncio.

Mais audíveis são as movimentações internas no CDS. O partido, que detém a maior bancada da oposição no parlamento regional, deverá chegar também a 2019 como uma nova liderança. A actual, encabeçada por António Lopes da Fonseca, que preside os centristas madeirenses desde 2015, já se comprometeu em apoiar Rui Barreto no próximo congresso, a realizar-se no final deste ano. É o cumprir de um pacto que ambos assumiram há dois anos, quando o partido discutia a sucessão de José Manuel Rodrigues. O que ambos não contavam, foi com o próprio Rodrigues, que anunciou esta semana o regresso à “política activa”.

O histórico dirigente que conduziu o partido entre 1997 e 2015, levou o CDS ao melhor resultado de sempre nas regionais de Março de 2015, mas viria demitir-se meses depois, quando os centristas foram ultrapassados pela esquerda, e perderam a representação em São Bento. No discurso de despedida no congresso já tinha avisado: “Não vos digo adeus, digo-vos, antes, até já”. Voltou agora, num momento em que a oposição olha com expectativa para as próximas regionais.

O PSD liderado por Miguel Albuquerque ainda não perdeu eleições na Madeira. Venceu as regionais. Foi o partido mais votado nas legislativas e nas autárquicas. Mesmo assim, o número de votos tem sofrido uma curva descendente, que entusiasma os adversários que acreditam na possibilidade de um fim de ciclo, em 2019. Daí todas estas movimentações.

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