Tribunal de Justiça da UE poderá decidir sobre direitos dos cidadãos até 2027

O envolvimento do tribunal europeu era uma das questões que dividia os negociadores de Bruxelas e do Governo britânico.

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STEPHANIE LECOCQ/EPA

O Tribunal de Justiça da União Europeia poderá ser consultado até oito anos após o ‘Brexit’ a propósito de casos respeitantes aos direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido, determina o documento divulgado nesta sexta-feira pela Comissão Europeia sobre as negociações.

O acordo determina a criação de "um mecanismo que permita aos tribunais do Reino Unido decidir, após ter em devida conta se a jurisprudência relevante existe, solicitar questões de interpretação do TJUE desses direitos", acrescentando que essa possibilidade estará disponível oito anos após 2019.

O envolvimento do tribunal europeu era uma das questões que dividia os negociadores de Bruxelas e do Governo britânico em matéria dos direitos dos cidadãos europeus, que será recíproco para aqueles que vivem no Reino Unido e para os britânicos que residem nos restantes países da UE.

O documento publicado nesta sexta-feira determina que os países poderão exigir que o direito de residência só seja atribuído se for feita uma candidatura, quando esta for exigida, ainda que prometa procedimentos "transparentes, simples e fáceis".

O Reino Unido já tinha adiantado estar a trabalhar num novo sistema que vai substituir o actual preenchimento de um formulário de 85 páginas e entrega de documentos complementares, mas o acordo especifica que os países deverão "evitar encargos administrativos desnecessários" e ser flexíveis.

"As autoridades competentes darão aos candidatos a oportunidade de fornecer informação suplementar ou corrigir lacunas quando parecer que ocorreu uma simples omissão", vinca.

Os cidadãos europeus e britânicos terão pelo menos dois anos após Março de 2019, data da saída formal do Reino Unido da UE, para fazerem as suas candidaturas.

Membros da família directa, como os cônjuges, filhos, pais e avós, terão o direito de se juntar aos seus familiares, mesmo que não residam actualmente no país.

Os cidadãos que já possuam cartões de residente europeu poderão convertê-lo para o novo documento gratuitamente, sujeitando-se apenas a verificação de identidade, do registo criminal e de outras medidas de segurança.

O acordo permite aos detentores do cartão de residente no Reino Unido ausentarem-se durante, no máximo, cinco anos consecutivos sem perderem o direito de residência, a usarem o cartão de saúde europeu e a beneficiarem dos mesmos direitos em termos de educação, emprego, segurança social e impostos.

O documento entrará em vigor no Reino Unido quando for aprovada a Lei do Acordo da Saída e da Implementação, que deverá mencionar directamente os direitos dos cidadãos europeus e consagrá-los na legislação britânica, e será vinculativo aos países da UE no âmbito do actual Tratado Europeu.

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