Destino final: Cubazuela

Hoje pode ocorrer a transformação da Venezuela chavista na Cuba castrista, com resultados ainda mais trágicos.

Hoje estará em jogo a sobrevivência do estado de direito na Venezuela. O homem do fato de treino ridículo conseguiu um pleno de brutalidade: depois de destruir a economia do país, de matar cidadãos na rua através da violência e da fome e de dizimar a credibilidade internacional do país, prepara-se para destruir de vez o frágil regime democrático que ainda vigora. Será a transformação da Venezuela chavista na Cuba castrista, com resultados ainda mais trágicos. A cópia consegue sempre ser pior que o original.

O estado venezuelano é totalmente corrupto e depende da clique de amigos de Maduro que controlam as empresas públicas. Estas, por sua vez, exigem aos funcionários que votem a favor de Maduro para evitarem o despedimento – assumindo o medo e a repressão como política oficial do país.

A democracia não existe num país em que a vitória da oposição numa eleição livre foi bloqueada pelo Supremo Tribunal de Justiça, que assumiu as funções do Parlamento. E hoje esse simulacro de democracia atinge o apogeu com um referendo que quer legitimar um golpe de estado através da fraude eleitoral. A procuradora-geral do país, a Amnistia Internacional e a generalidade das instituições internacionais apontam o dedo ao projeto de ditadura em formação e já ninguém tem ilusões sobre o desespero de Nicolás Maduro. O vergonhoso impedimento de entrada no país de jornalistas portugueses é só mais um passo na escalada ditatorial de Caracas que tem estrangulado a oposição, a imprensa livre, as organizações não-governamentais e a diplomacia. 

A fome que grassa no país é a principal conquista da revolução chavista. Os pobres, em nome dos quais Maduro diz governar, estão a morrer porque as políticas delirantes estrangularam o sistema produtivo do país. A classe média deixou de existir e a riqueza que não é do regime abandonou o país em busca de liberdade. Os imigrantes que ajudaram a construir a nação, entre os quais muitos portugueses, ainda esperam por um reequilíbrio, mas a esperança teima em fugir num país cujo governo perdeu toda a lógica.

Só a absoluta ignorância em matérias económicas pode argumentar que o desastre das contas venezuelanas é culpa da denominação do petróleo em dólares. E só a mais primária mentalidade ditatorial pode considerar saudável o que se tem vivido na democracia venezuelana. É por isso lamentável que haja um punhado de “intelectuais” europeus que, do alto da sua confortável burguesia, se atrevam a exigir mais miséria e desgraça para os pobres venezuelanos. Mas já não surpreende porque, quando a ditadura e a miséria têm as cores do extremismo esquerdista, tudo parece cor de rosa a quem não quer mesmo entender o mundo em que vive.

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