Mais uma polémica: família expulsa de voo por recusar ceder lugar do filho de dois anos

Família americana tinha comprado bilhete para o filho de 18 anos. No entanto, o adolescente regressou a casa mais cedo para que o lugar comprado fosse ocupado pelo irmão de dois anos. Pais acabaram a ser ameaçados de prisão por não quererem facultar o assento a outro passageiro.

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O mais recente caso aconteceu num aviãop da Delta Air Lines Reuters/EDGARD GARRIDO

As polémicas na aviação internacional parecem não ter fim. Agora foi uma família norte-americana retirada de um voo da Delta Air Lines por se ter recusado a disponibilizar o lugar do filho de dois anos tendo os pais sido ameaçados, inclusivamente, com a prisão.

O Washington Post conta que Brian e Britanny Schear tinham comprado um lugar para o filho de 18 anos no voo desde Maui, no Havai, até Los Angeles no passado dia 23 de Abril. Mas o adolescente acabou por regressar a casa mais cedo para que o lugar reservado fosse ocupado pela criança de dois anos que se sentaria numa cadeira para crianças utilizadas nos carros. No entanto, membros da tripulação, juntamente com funcionários da segurança, dirigiram-se à família, dentro do avião, pedindo-lhes que retirasse a criança do lugar para que fosse ocupado por outra pessoa.

O problema é que este era um voo nocturno, que chegaria ao destino apenas na manhã seguinte. E, segundo os pais, a criança apenas consegue dormir na sua cadeira de segurança utilizada no carro.

O incidente, tal como tem sido habitual neste tipo de situações, foi filmado. “Eu comprei o lugar”, disse Brian Schear aos responsáveis que o abordavam. “É um voo nocturno. Ele não vai dormir a não ser que esteja no assento do carro. Por isso, de outra maneira, ele vai sentar-se no colo da minha mulher, vai rastejar para todo lado, e não é seguro”, argumentou ainda.

Para além do filho de dois anos, o casal viajava ainda com outra criança de apenas um ano. Perante a insistência dos agentes, Schear afirmou que, se for preciso, poderia ser expulso do avião como já havia sido sugerido pelos interlocutores. “Você e a sua família?”, perguntou um dos funcionários. “Sim, não há problema”, respondeu Brian. “Então, depois, vai ser uma ofensa federal e você e a sua mulher vão para a prisão e os seus filhos vão…”, afirmou uma agente. “Os meus filhos vão para onde?”, questiona Schear, ao que a mesma agente responde insistindo que, se não obedecer, a acção do casal constitui uma ofensa federal. O pai continua a discussão, afirmando que pagou pelo lugar que estava a ser ocupado pela criança e que dá-lo a outro passageiro “não é correcto”.

A certa altura, é possível escutar um agente a dizer a Schear que segundo os regulamentos da Administração de Aviação Federal a criança de dois anos não pode ocupar um lugar e tem de viajar no colo de um adulto.

Ora, como explica o Washington Post, isso não é verdade. Tanto a Administração de Aviação Federal norte-americana como a Delta, a companhia do voo onde se deu o incidente, aconselham a utilização de assentos próprios para crianças durante os voos, pois a viagem no colo de um adulto acarreta alguns riscos para a segurança.

Ainda segundo o mesmo jornal americano, a questão é que os pais estavam a desrespeitar uma das regras da companhia aérea: a impossibilidade de transferir os bilhetes comprados. Ou seja, quando um bilhete é comprado em nome de determinada pessoa o ingresso não pode ser utilizado por outra.

Regressando ao avião onde tudo aconteceu, Schear acaba por desistir da discussão, aceitando colocar a criança no colo e seguir viagem. No entanto, os funcionários afirmam que a situação tinha “ido longe de mais” e que, nesse momento, a família não tinha outra hipótese senão deixar a aeronave. A decisão estava tomada, isto apesar de Brian ter afirmado que estava “com duas crianças” e não tinha “para onde ir”.

A companhia aérea já reagiu ao caso, em comunicado enviado ao Washington Post, afirmando que “lamenta” o que aconteceu à família e acrescentando que já tinha falado com o casal para perceber o que se tinha passado.

A questão das expulsões violentas dos aviões ganhou particular relevo depois do passageiro arrastado por seguranças para fora do avião da United Airlines que iria viajar entre Chicago e Louisville.

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