#BlackLivesMatter, #BlackLivesMatter, #BlackLivesMatter — escrever cem vezes até entrar na universidade

A candidatura de Ziha Ahmed a Stanford, uma das melhores universidades do mundo, está a dar que falar nos EUA.

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A Universidade de Stanford localiza-se em Palo Alto, Califórnia Reuters/BECK DIEFENBACH

A Universidade de Stanford, nos EUA, é a terceira melhor universidade do mundo. É, pelo menos, o que diz o mais recente ranking Times Higher Education. Isto significa que entrar na instituição norte-americana é particularmente difícil. Segundo a BBC, só um em cada 20 candidatos o consegue. Assim sendo, será possível um estudante ter sido admitido depois de fazer um longo copy-paste (isto é, copiar e colar) numa das respostas da candidatura?

Ziad Ahmed, um estudante do secundário de Nova Jérsia, diz que sim. Num tweet, estes adolescente mostra como, em resposta à pergunta “O que interessa? E porquê?”, repetiu e repetiu e repetiu a hashtag #BlackLivesMatter. Cem vezes. Ao lado dessa imagem, publicou uma fotografia de um alegado email da Universidade de Stanford a confirmar a sua admissão. “Submeti esta resposta na minha candidatura à Universidade de Stanford e ontem fui admitido”, lê-se de Ziad Ahmed.

O caso tem causado agitação no Twitter. Uns aplaudem a decisão da Universidade de Stanford e há quem se diga “apaixonada” pela “audacidade” do jovem, e quem lhe dê os parabéns. Outros nem por isso. “Isto resume a decadência das universidades americanas”, lamenta um utilizador. Há ainda quem pense que tudo não passe de uma partida do Dia das Mentiras, celebrado na passada sexta-feira, dia 1 de Abril.

Como justificação à sua resposta, Ziha Ahmed disse que o movimento Black Lives Matter não precisa de ser explicado. “Insistir numa explicação é inerentemente desumanizante”, falou o estudante ao site Mic. “Durante séculos, as vidas de negros já ouviram explicita e implicitamente que não importam, e como uma sociedade é a nossa responsabilidade de gritar que elas importam. Porque não quer dizer que nem todas as vidas importam, quer sim dizer que as vidas de negros têm sido atacadas há tanto tempo e nós temos de lutar contra isso através da linguagem, perspectiva e acção.”

Segundo o mesmo site, Ahmed, de 18 anos, já participou no jantar Iftar da Casa Branca e foi reconhecido como um importante activista muçulmano-americano pela administração de Obama. Além disso, em 2016, Ziha Ahmed estagiou e trabalhou na campanha presidencial de Hillary Clinton, depois de liderar a campanha presidencial para os jovens do candidato democrata Martin O’Malley.

Devido às suas próprias regras, a Universidade de Stanford não comenta quaisquer candidaturas. 

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