Polícia fez buscas na casa de Fillon e há deserções em série na campanha

Polícia fez buscas na casa em Paris do candidato da direita. Só 25% dos franceses querem que o representante do centro-direita continue na corrida às eleições presidenciais.

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Fillon continua a dizer é alvo de um “assassínio político sem precedentes” Jean-Paul Pelissier/REUTERS

O Gabinete Central e Luta Contra a Corrupção e as Infracções Financeiras e Fiscais fez buscas na manhã desta quinta-feira na casa de Paris de François Fillon, avança o jornal Le Parisien. Durante o dia, sucederam-se as deserções na campanha do candidato do centro-direita às presidenciais francesas, que está prestes a ser constituído arguido por causa do emprego fictício como assistente parlamentar da sua mulher.

Só 25% dos franceses querem que François Fillon continue na corrida, diz uma sondagem-relâmpago Harris Interactive, embora ele continue a assegurar que não desiste. As buscas prendem-se com a investigação de "desvio de fundos públicos" e "tráfico de influência".

O ex-primeiro-ministro anunciou quarta-feira que foi convocado para se apresentar aos juízes de instrução a 15 de Março. Mas continua a manter que é alvo de um “assassínio político sem precedentes”. Em várias ocasiões falou em “investigação encomendada” e assegura que se manterá como candidato do partido Os Republicanos, para não defraudar a escolha feito pelos eleitores nas primárias

Porém, na equipa da sua candidatura, começou a debandada. Bruno Le Maire, um político mais jovem, que se coloca mais ao centro, e que teve resultados surpreendentemente bons (29,15%) quando se candidatou à liderança de Os Republicanos face a Nicolas Sarkozy, em 2014, foi o primeiro a abandonar o barco, sublinhando a falta de respeito de Fillon pela promessa que tinha feito, inicialmente, de desistir se fosse constituído arguido.

Esta quinta-feira começaram a abrir-se as comportas: abandonaram a campanha de Fillon outros políticos, muitos deles próximos da corrente de Bruno Le Maire, mas também de Alain Juppé – que durante muito tempo foi dado como o favorito a ganhar as primárias do centro-direita, para ser ultrapassado já perto da meta por Fillon. Até Gilles Boyer, tesoureiro da candidatura e antigo director da campanha de Juppé anunciou a sua demissão.

Há também sarkozistas a sair – apesar do acordo de Fillon com o antigo Pesidente, cujos termos não são conhecidos, para apoiar a sua candidatura, e que se reflectiu numa viragem securitária da temática de campanha, que até há pouco tempo se concentrava mais nos assuntos económicos.

“Infelizmente, estou convencido que Fillon está prestes a tombar”, disse Georges Fenech, o deputado sarkozista que no mês passado liderou uma rebelião falhada e exigia a nomeação de um candidato alternativo. “Parece-me que hoje só Juppé, com toda a sua experiência, pode levar a chama”, disse Fenech, que no entanto é um fiel de Sarkozy.

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