Presidente da Colômbia nega ter recebido dinheiro da Odebrecht

Ministério Público investiga suspeita sobre entrada de dinheiro da construtora brasileira na campanha para a reeleição de Juan Manuel Santos.

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Reuters/JAIME SALDARRIAGA

Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia e Nobel da Paz 2016, foi acusado na terça-feira pelo Ministério Público colombiano de ter usado na sua campanha financiamento ilegal proveniente da maior empresa de construção do Brasil, a Odebrecht. A presidência nega a participação da empresa na sua reeleição, em 2014.

O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, pediu ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para investigar a entrada de um milhão de dólares por intermédio do antigo congressista Otto Bula, detido a 14 de Janeiro pela sua participação no esquema de subornos pagos pela construtora brasileira.

De acordo com procurador-geral, o antigo congressista Otto Bula “enviou durante o ano de 2014 duas remessas para a Colômbia, num total de um milhão de dólares, cujo beneficiário final terá sido a direcção da campanha”, lê-se num comunicado.

Camilo Enciso, secretário da Transparência da Presidência, assegurou já esta quarta-feira que as acusações são falsas e que “durante a campanha a ordem clara e peremptória foi de não receber qualquer doação de qualquer pessoa natural ou jurídica para financiar a campanha”, cita a CNN. Enciso sublinhou ainda que a presidência colombiana pediu às autoridades competentes que avancem com as investigações necessárias “para que seja estabelecida a verdade nesta nova acusação temerária”. “Temos a certeza que estas investigações revelarão, uma vez mais, a falsidade destas acusações”, defende.

Também o à data director da campanha, Roberto Prieto Uribe, negou a recepção de qualquer financiamento por parte da empresa brasileira. “Os recursos da campanha, como mostram claramente as contas apresentadas, provêm exclusivamente e totalmente do fundo partidário previsto na lei”, assegura.

Roberto Prieto acusa o Ministério Público de querer prejudicar o Presidente colombiano. “Não deixa de ser suspeita essa tentativa de manchar a campanha de 2014, por um individuo investigado na Justiça ao incorrer supostamente em delitos para que a Odebrecht fosse beneficiada em contratos no país”, cita o jornal Folha de São Paulo.

Nas eleições de 2014, o principal adversário de Santos foi Óscar Iván Zuluaga, candidato do Partido Centro Democrático, também envolvido numa suspeita de financiamento da Odebrecht na sua campanha. Zuluaga foi implicado pelo publicitário brasileiro Duda Mendonça que há semanas disse à revista Veja que a construtora lhe pagou honorários por ajudar a campanha do rival de Santos.

O nome do Presidente colombiano junta-se a uma lista de políticos de vários países latino-americanos envolvidos na investigação sobre o caso de corrupção internacional que envolveu a Petrobras e outros órgãos públicos brasileiros.

Segundo documentos publicados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos em Dezembro do ano passado, a Odebrecht terá pagado subornos relativamente a mais de uma centena de projetos em 12 países da América Latina e África, de aproximadamente 788 milhões de dólares.

 As autoridades norte-americanas estipularam então que a Odebrecht teria de, em conjunto com a petroquímica Braskem, pagar pelo menos 3500 milhões de dólares (3360 milhões de euros) pela prática do crime de corrupção de dirigentes governamentais estrangeiros em vários países.

O actual Presidente brasileiro, Michel Temer, por exemplo, é citado 44 vezes na documentação obtida pela Associated Press.

Andrés Pastrana, Presidente da Colômbia entre 1998 e 2002 também já se pronunciou sobre as suspeitas levantadas pelo procurador-geral. Na sua conta de Twitter, o antigo chefe de Estado considerou que Juan Manuel Santos deve analisar "a possibilidade de renunciar" no caso de se comprovar que a sua campanha para a reeleição recebeu dinheiro da construtora brasileira.

 

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