Longas filas (e uma hora de espera) para ver Amadeo e Almada

Os dois grandes vultos do modernismo português atraíram este domingo um invulgar volume de visitantes aos museus do Chiado e da Gulbenkian. Entretanto, no Porto, os Mirós de Serralves voltaram a registar uma enchente.

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A exposição dedicada a Almada Negreiros esteve particularmente concorrida na tarde de domingo, devido à entrada gratuita MIGUEL MANSO
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A exposição dedicada a Almada Negreiros esteve particularmente concorrida na tarde de domingo, devido à entrada gratuita MIGUEL MANSO
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O tempo de espera para ver Almada na Gulbenkian chegou a ser de uma hora MIGUEL MANSO
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Também no Museu do Chiado as filas para ver Amadeo foram uma constante este domingo MIGUEL MANSO
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A entrada gratuita levou centenas à exposição de Philippe Pareno que Serralves acaba de inaugurar PAULO PIMENTA
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A Time Coloured Space encheu as salas de Serralves com dez mil balões de hélio PAULO PIMENTA

“Concorrência saudável”: foi assim que Mónica Pereira entendeu a possibilidade de, no mesmo fim-de-semana, poder escolher entre a exposição de Amadeo de Souza-Cardoso no Museu do Chiado ou a de José de Almada Negreiros no Museu Gulbenkian, ambas em Lisboa.

Com a abertura, na sexta-feira, de José de Almada Negreiros: uma Maneira de Ser Moderno, este foi o primeiro fim-de-semana em que as exposições dedicadas aos dois grandes vultos do modernismo português nas artes visuais coincidiram e disputaram a atenção dos lisboetas. E as duas atraíram um número inusitado de visitantes, sobretudo no domingo.

Antes das 11h, a fila para ver Amadeo de Souza-Cardoso, Porto-Lisboa, 2016-1916 no Museu do Chiado – onde foi inaugurada a 12 de Janeiro, vinda do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto – já contornava a esquina da Rua Capelo com a Rua Serpa Pinto e continuava uns bons metros. A afluência levou aliás a instituição a encerrar este domingo o “túnel”, ainda em fase de teste, que passou a fazer a ligação interna entre os dois edifícios do museu, e que abriu ao público pela primeira vez durante a semana.

Aida Rechena, a directora do Museu do Chiado, disse ao PÚBLICO que até ao início da tarde já teriam passado pelo museu 1500 pessoas, atraídas pela habitual entrada gratuita do primeiro domingo de cada mês. O ritmo de entrada mais lento deveu-se ao facto de as sete salas da exposição não comportarem mais de 150 pessoas ao mesmo tempo, para segurança das obras, pois algumas delas são muito pequenas. “Para uma gestão eficaz do afluxo de pessoas, e porque as salas têm uma capacidade limitada, só reabriremos o túnel depois do fim-de-semana. Mesmo no sábado já era difícil gerir o afluxo na exposição com duas entradas.”

Se entretanto o despacho com a nova bilhética para os museus da Direcção-Geral do Património Cultural entrar em vigor, poderá haver novos domingos com entrada gratuita, lembrou a directora.

A ligação entre os dois museus era esperada desde a ampliação do Museu do Chiado no Verão de 2015 e o “túnel”, como lhe chamam no museu, esteve em fase de testes esta semana. “As pessoas dizem que fisicamente o túnel dá a ideia de uma unificação e que percebem finalmente que o museu foi ampliado”, diz a directora, que está no cargo desde o final de 2015.

Desde que abriu, a exposição de Amadeo já fez 15 mil visitantes em Lisboa; no Porto, onde superou as 40 mil entradas, as filas ao longo do passeio da Rua D. Manuel II também foram uma constante e o museu viu-se mesmo na necessidade de ampliar o seu horário para acomodar as enchentes dos últimos dias em que esteve aberta ao público.

Mónica Pereira e mais dois amigos, todos vindos dos arredores de Lisboa para ver a exposição, esperavam há 45 minutos para entrar, mas ainda estavam a meio da escada do Museu do Chiado quando os encontrámos. Iam dali para o Teatro São Luiz, ver A Noite de Iguana, “com Nuno Lopes”, sublinhavam as duas mulheres do grupo; a visita à exposição de Almada Negreiros na Gulbenkian já está prevista para o próximo fim-de-semana.

Na Gulbenkian, numa manhã com bilhete pago, já estavam montadas as baias para organizar a fila em ziguezague à porta da Galeria de Exposições Temporárias do edifício-sede. Mas a fila, em que se encontrava também o ministro da Cultura, avançava a bom ritmo; à tarde, porém, altura em que a visita é gratuita, chegou a ser preciso esperar “uma hora” para entrar, segundo Elisabete Caramelo, directora de comunicação da Gulbenkian.

Mas já no sábado as baias tinham sido montadas por causa das filas na bilheteira e à porta da exposição, explicou Elisabete Caramelo, que só disporá na segunda-feira de números de visitantes deste primeiro fim-de-semana com Almada, que já não merecia uma grande exposição há 25 anos. 

Entretanto, no Porto, as filas também se avolumaram à porta da Casa de Serralves para ver a exposição Joan Miró: Materialidade e Metamorfose, agora prolongada até 4 de Junho. E se o volume de visitantes não se podia comparar ao deste blockbuster que até ao último fim-de-semana de Janeiro já tinha recebido a visita de mais de cem mil pessoas, o certo é que também houve enchente nas salas do museu que o artista francês Philippe Pareno e os seus dez mil balões ocupam desde sexta-feira com a exposição A Time Coloured Space.

Com Inês Nadais

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