Ex-agente da CIA apela ao Tribunal dos Direitos do Homem para evitar extradição

Sabrina de Sousa, que está em Portugal, foi condenada em Itália pelo rapto do imã egípcio Abu Omar.

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Imã egípcio Abu Omar alegadamente raptado pela agente Reuters

Uma ex-agente da CIA, que está em Portugal e foi condenada em Itália pelo rapto de um líder religioso, apelou esta terça-feira ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem para tentar evitar a extradição para Itália, onde cumprirá a pena de cinco anos de prisão.

Sabrina de Sousa, que tem nacionalidade norte-americana e portuguesa, pediu ao tribunal europeu que decrete uma medida provisória que suspenda a sua extradição, até que os seus juízes analisem se Portugal garantiu que todos os direitos da defesa serão respeitados com a entrega às autoridades italianas, que poderá ocorrer a partir desta quarta-feira. Isto porque a antiga agente das secretas norte-americanas foi sujeita a uma operação aos olhos, só tendo autorização médica para viajar a partir de dia 4. 

Esta mulher faz parte de um grupo de 23 americanos (22 agentes da CIA e um oficial da Força Área) e dois italianos condenados em 2009 pelo rapto de Abu Omar, um imã egípcio que morava em Milão. Omar foi raptado em 2003 e levado para uma prisão egípcia, onde diz ter sido torturado.

O julgamento dos agentes da CIA foi feito à revelia. O mandado de detenção europeu que se seguiu à sentença referia a possibilidade de um novo julgamento e foi com base neste pressuposto que os tribunais portugueses autorizaram a extradição. No entanto, o procurador de Milão, em declarações à comunicação social, afirmou que Sabrina de Sousa não teria direito a um novo julgamento em Itália, e que seria presa quando entrasse no país.

“A garantia de extradição foi feita com base num novo julgamento. Esta é a minha última hipótese legal”, argumentou ao PÚBLICO Sabrina de Sousa, numa conversa em inglês, contando que chegou a querer voluntariar-se para ir ao tribunal em Itália, mas foi desaconselhada pelos seus advogados naquele país. A ex-agente, que tem negado o envolvimento no rapto, afirmou que a queixa no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem servirá também para "documentar o processo".

A decisão do tribunal deverá ser tomada nos próximos dias. Com Mariana Oliveira

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