Governo tenta travar greve nos aeroportos

Há pré-avisos de greve anunciados para serviços de handling nos dias 28 a 30 de Dezembro, bem como para as empresas de segurança nos dias 27, 28 e 29 de Dezembro.

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DANIEL ROCHA

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) tinha previsto uma conferência de imprensa para a tarde desta sexta-feira, onde viria esclarecer a posição dos trabalhadores da segurança (neste caso, das empresas Prosegur e Securitas) e de handling (Groundforce e Portway) dos aeroportos. Porém, devido a “imperativos de última hora relacionados com o prolongamento de uma reunião com o Governo”, a conferência de imprensa foi adiada para a tarde de segunda-feira, 26 de Dezembro, véspera do primeiro dia da anunciada greve, convocada para os entre 27 e 30 de Dezembro.

Os dois sectores encontram-se ainda a discutir com o Governo, em reuniões com representantes dos Ministérios do Planeamento e do Trabalho e da Segurança Social, um possível acordo que impeça a paralisação dos serviços e satisfaça as exigências dos trabalhadores, confirmou o PÚBLICO. O principal motivo de descontentamento é o facto de ainda não haver acordo sobre o novo Contrato Colectivo de Trabalho, disse, na quarta-feira, o coordenador do Sitava à agência Lusa.

A paralisação dos trabalhadores de handling (assistência nos aeroportos) e de segurança foi um dos assuntos debatidos na última quarta-feira, numa reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em que também se abordou a "preocupação" com o novo aeroporto de Lisboa. Na ocasião, Fernando Henriques, coordenador do Sitava, afirmou que os trabalhadores estão descontentes por ainda não se ter chegado a acordo sobre o novo Contrato Colectivo de Trabalho. Os trabalhadores dos aeroportos das empresas de segurança Prosegur e Securitas querem que o novo contrato garanta um aumento salarial para os próximos dois anos, além de melhoria das condições de trabalho, tempos de trabalho, segurança e saúde.

Num comunicado enviado às redacções, a Associação de Empresas de Segurança (AES) lamenta publicamente a convocação desta greve, argumentando que se empenhou "de forma séria e comprometida nas negociações" com os representantes sindicais, e que teve de rejeitar as propostas que “seriam incomportáveis”. Como é o caso da última proposta apresentada pelo SITAVA,  e que, acusam, “acarretaria um acréscimo de custos para as empresas de segurança superior a 25% no ano de 2017 e a 36% nos anos seguintes”. O PÚBLICO tem tentado contactar os dirigentes do SITAVA mais ainda não teve sucesso.

As greves nos aeroportos "são a pior maneira de acabar e começar o ano", disse, por sua vez, o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, citado pela Lusa, lembrando que elas vão afectar não só turistas, como emigrantes. Embora não conteste o direito dos trabalhadores à greve, sugeriu que estes deviam optar por "outras maneiras de chamar a atenção sem prejudicar pessoas que estão lá fora porque não arranjaram soluções (de trabalho)" no país "e agora está na altura de voltarem ou regressarem e, porque existe greve, não podem ter esse direito, essa satisfação".

Em jeito de recomendação aos utentes que vão utilizar os aeroportos, a ANA sugere que nos dias 27 a 30 de Dezembro os passageiros se apresentem no aeroporto “com a devida antecedência e sigam as instruções transmitidas pela sua companhia aérea”. “Sugere-se igualmente que os passageiros privilegiem a utilização de ‘bagagem de porão’, reduzindo o transporte de ‘bagagem de cabine’, facilitando, assim, o processo de controlo de segurança de pessoas e bens”.

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