Os homens do Presidente: ricos e de sucesso para fazer implodir o sistema

Para o novo Governo dos EUA foram escolhidas figuras controversas

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Reuters/LUCAS JACKSON

Stephen Bannon

Conselheiro da Casa Branca

O antigo presidente executivo do site de notícias de extrema-direita, Breitbart, associado à promoção de movimentos nacionalistas e supremacistas brancos, foi um dos primeiros nomes escolhidos por Donald Trump para trabalhar com ele na Casa Branca. Para muitos, foi ele o responsável pela reviravolta na campanha de Trump que o catapultou para a presidência: quando Bannon assumiu a direcção da campanha, multiplicou os ataques à democrata Hillary Clinton baseados em notícias falsas e teorias da conspiração (de que é tão adepto quanto o próprio Trump), que afastaram muitos dos eleitores das urnas. Será o principal conselheiro do Presidente, com a missão de afinar a mensagem e desenhar a estratégia política da Administração.

 

Michael Flynn

Conselheiro de Segurança Nacional

O general reformado Michael Flynn está registado como eleitor do Partido Democrata, mas aceitou o convite para conselheiro para as questões de segurança da campanha de Donald Trump — e com a sua eleição, o cargo de conselheiro nacional de segurança. Tal como o Presidente eleito, as suas ligações financeiras à Rússia geram desconfiança; depois de abandonar a direcção da agência militar de serviços secretos foi trabalhar como lobbyista para uma empresa que tinha, entre outros clientes, o então primeiro-ministro turco e actual Presidente, recep Tayyip Erdogan.

 

Rex Tillerson

Secretário de Estado

A escolha de Rex Tillerson, o presidente executivo da petrolífera ExxonMobil escolhido para chefiar a diplomacia norte-americana, já estava ameaçada de chumbo antes de ser oficialmente confirmada por Donald Trump. A sua falta de experiência política e governativa foi salientada como um entrave ao desempenho do cargo, ao qual Trump contrapôs a sua liderança de uma multinacional com operações em 50 países e dez vezes mais funcionários do que o Departamento de Estado. Mas a contestação ao seu nome centrou-se no seu alegado entendimento perfeito e longa relação de amizade com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

 

James Mattis

Secretário da Defesa

A nomeação do general na reforma James “Mad Dog” Mattis, exige que o Congresso o isente de uma lei federal que o obriga ao cumprimento de um período de nojo de sete anos depois da saída das Forças Armadas para a nomeação para cargos de chefia no Pentágono. O regresso do general também quebra a tradição de lideranças civis do aparelho militar, seguida pelos anteriores Presidentes. Mattis é um falcão que não teme o envolvimento do Exército americano em conflitos internacionais, mas é contra o isolacionismo e a tortura, que Trump apoia.

 

Jeff Sessions

Procurador-geral

O senador republicano do Alabama Jeff Sessions é um dos políticos que mais levanta polémica em Washington e a sua nomeação para dirigir o Departamento de Justiça naturalmente gerou um coro de críticas. Espera-se que a audição para a sua confirmação seja uma das mais “animadas” — na década de 80, a sua indicação para juiz federal foi travada pelo Senado, depois de ouvir o depoimento de advogados que atestaram o seu uso de linguagem racista e deram conta das suas posições intolerantes contra minorias. Um dos raros apoiantes da candidatura de Donald Trump no Senado, Sessions partilha a linha dura anti-imigração do futuro Presidente. É ainda apologista da tolerância zero no combate ao crime.

 

Steve Mnuchin

Secretário do Tesouro

Para tomar conta das finanças dos EUA, Trump escolheu o director financeiro da sua campanha, Steve Mnuchin, que tem décadas de experiência no sistema financeiro. Esteve no banco Goldman Sachs durante 17 anos, tendo chegado a sócio do gigante de Wall Street, e depois saiu para fundar o seu própriuo fundo de investimento de risco (hedge fund) para financiar grandes produções de cinema como Avatar e X-Men. De 2009 a 2015, esteve à frente de um banco da Califórnia que foi considerado o “campeão” na execução de hipotecas imobiliárias. Mas entra na Administração sem nunca ter passado pela política nem nunca ter desempenhado cargos públicos.

 

Wilbur Ross

Secretário do Comércio

Aos 79 anos, o investidor Wilbur Ross vai tornar-se um dos homens mais ricos dos EUA a entrar para o Governo. Fez carreira e fortuna com a reestruturação de empresas falidas, e foi ele quem ajudou trump nos anos 90, quando a sua cadeia de casinos Taj Mahal entrou na bancarrota. As suas simpatias políticas estavam do lado do Partido Democrata, mas desde o anúncio da candidatura de Trump esteve do seu lado, como defensor da renegociação de todos os acordos internacionais de livre-comércio e de todas as parcerias comerciais em que os EUA estão envolvidas.

 

Andrew Puzder

Secretário do Trabalho

Andrew Puzder é o responsável, que detém várias cadeias de fast-food frequentemente multadas por violações da legislação laboral. Algumas das suas posições, como patrão nessa indústria, vão ao arrepio da lei: é contra o pagamento de horas extraordinárias, opõe-se à revisão do valor do salário mínimo, e advoga a substituição de trabalhadores por máquinas.No seu novo cargo, será responsável pela promoção das condições de trabalho, carreiras e oportunidades, e ainda pelo pagamento de subsídios a desempregados e reformados.

 

Ben Carson

Secretário da Habitação e do Desenvolvimento Urbano

O médico neurocirurgião que ambicionou ser Presidente e se tornou um aliado e defensor de Donald Trump ao desistir da corrida republicana foi premiado com um cargo de Governo logo depois de ter dito numa entrevista que não tinha a experiência indispensável para liderar um departamento. Calhou-lhe a Habitação e Desenvolvimento Urbano, que distribui verbas em programas sociais que Carson entende deviam ser eliminados. “É àqueles que são mais afortunados que cabe a responsabilidade de tomar conta dos indigentes da nossa sociedade. Não deve ser uma função do Governo”, declarou Ben Carson à CNN.

 

Rick Perry

Secretário de Energia

O governador do Texas, que foi um dos adversários de Trump pela nomeação republicana à Casa Branca, notabilizou-se em durante um debate presidencial em 2011, quando defendeu a extinção de três departamentos ou agências do Governo federal, incluindo aquela que agora vai dirigir — e cuja existência, perante as câmaras de televisão, foi incapaz de recordar. Rick Perry é um acérrimo defensor da indústria petrolífera, que considera excessivamente regulada, e também da energia nuclear. Trump chegou a sugerir que o governador fosse obrigado a fazer um teste de QI para poder participar nos debates, mas terá posto a antipatia mútua para trás das costas.

 

Scott Pruitt

Administrador da Agência de Protecção Ambiental

Vindo do Oklahoma, onde desempenha o cargo de procurador do estado desde 2010, o conservador Scott Pruitt descreve-se na sua biografia oficial como “uma voz proeminente contra a agenda activista da Agência de Protecção Ambiental”, que processou diversas vezes. Também se opôs às medidas da Administração Obama para a regulamentação das indústrias poluentes, e professa-se um “céptico” quanto à ciência sobre as alterações climáticas, cujo debate considera longe de estar fechado.

 

David Friedman

Embaixador dos EUA em Israel

A escolha de David Friedman, um advogado especializado em falências e sem nenhuma experiência diplomática, para ser o representante do Governo dos EUA em Israel, dificilmente poderia ser mais polémica. Além de pretender a mudança da embaixada de Telavive para a cidade de Jerusalém, “a capital eterna de Israel”, o novo embaixador é um defensor da construção de mais colonatops judaicos nos territórios ocupados da Cisjordânia — um dos pontos de contenda que levou à suspensão das negociações do processo de paz israelo-palestiniano.

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