Retirada de circulação de nota de cem bolívares gera caos na Venezuela

O Presidente Nicolás Maduro anunciou a decisão no início da semana e deu um curto prazo para que os venezuelanos pudessem depositar ou trocar o dinheiro.

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Venezuelanos fazem fila à porta dos bancos para depositar as notas de cem bolívares AFP/FEDERICO PARRA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, encurtou de dez para cinco dias o prazo para que se proceda à entrega final, nos dois únicos balcões do banco central do país, das notas de cem bolívares que foram retiradas de circulação pelo seu Governo – uma medida drástica de redução da liquidez que foi apresentada como necessária para travar a especulação que inflacionou o valor do dólar no mercado negro e provoca a subida diária dos preços.

A decisão foi anunciada na segunda-feira e rapidamente gerou a confusão: a nota de cem bolívares, que é a de mais alta denominação do sistema venezuelano (embora valendo apenas dois cêntimos de dólar) representa 48% do dinheiro que circula na economia local e era a mais utilizada nas transacções diárias. Também era a denominação usada pelos venezuelanos que recorrem às casas de câmbio do outro lado da fronteira, na Colômbia, onde é trocada por pesos e logo por dólares.

Essas operações foram apontadas como a razão por detrás da medida, aprovada ao abrigo do decreto de emergência económica que outorga poderes extraordinários ao Presidente. Segundo disse Maduro no seu programa televisivo – e depois completou o ministro do Interior, Néstor Reverol – o fim da nota de cem bolívares pretende pôr fim a alegadas operações de contrabando de moeda operadas por “mafias especuladoras” da região da fronteira, que supostamente patrocinadas pelos Estados Unidos.

Os venezuelanos, que no último mês viram a cotação do bolívar desvalorizar 59%, tiveram um prazo de 72 horas para depositar todas as notas de cem dólares nas suas contas bancárias – e quem não o fizesse nesse prazo, dispunha apenas de dez dias (agora reduzidos para cinco) para efectuar a troca nos dois únicos balcões do Banco Central da Venezuela, em Caracas e Maracaibo. Depois desse prazo, a nota será ilegal – e punido com pena de prisão se as autoridades encontrarem cidadãos com “grandes quantidades” de notas.

Enquanto isso, a nota de 50 bolívares, que se tornou a mais alta do país, praticamente desapareceu das carteiras da população e da caixa dos bancos e estabelecimentos comerciais.

Para a próxima semana, o Governo prometeu introduzir de forma progressiva novas notas e moedas com valores entre os 500 e os 20 mil bolívares (correspondentes a cinco dólares no câmbio do sistema oficial). As Finanças esperam, assim, reactivar os pagamentos em dinheiro no comércio local: por falta de opções, os venezuelanos viam-se na contingência de utilizar os cartões de débito e crédito em todas as transacções, o que fez disparar os preços.

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