Tráfego de mercadorias vai limitar crescimento do turismo

Estudo prevê que a navegação turística e a náutica de recreio no Douro vão parar de crescer a partir de 2025.

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Minas de Ferro de Moncorvo serão o grande utilizador da via navegável ADRIANO MIRANDA

O estudo encomendado à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) para identificar e quantificar os produtos e mercadorias que poderiam ser potencialmente transportados através da Via Navegável do Douro (VND) teve a grande preocupação de verificar até que ponto o tráfego fluvial de mercadorias era compatível com o fluxo turístico. E é, numa grande parte do rio, mas não em todo o seu percurso., porque vai continuar a haver troços onde é impossível cruzar dois navios.

A situação actual que serviu de ponto de partida à FEUP foi um tráfego comercial quase inexistente e uma utilização turística bastante intensa (passaram pelo Douro, em 2015, mais de 700 mil passageiros). O cenário prospectivo integrou o arranque da exploração das Minas de Ferro de Moncorvo, que serão o grande utilizador da via navegável, garantindo 31 carregamentos por semana dos 38 que são admitidos no cenário mais optimista traçado no estudo.

A análise definiu seis cenários, combinando as quantidades previstas de minério de ferro, granito e outros produtos indiferenciados, no pressuposto do aprofundamento do canal e da navegação 24 horas por dia – e que resultarão dos investimentos que já estão em curso. No cenário mais optimista, será ainda possível fazer três carregamentos por semana de granito (um outro produto âncora identificado pela FEUP) e ainda mais quatro carregamentos por semana de produtos indiferenciados, que não disporão de quantidade suficiente para assegurar um transporte regular.

Como é que isto se compatibiliza com a navegação turística e náutica de recreio, no caso de esta continuar a registar taxas de crescimento galopantes? Na projecção da FEUP, o ano-cruzeiro deste segmento vai ser atingido em 2025, a partir do qual haverá uma estabilização no número de passageiros: entre 2016 e 2018, o crescimento será da ordem dos 15% anuais; entre 2019 e 2022, de 6%; e, entre 2023 e 2025, de 3%.

Mesmo assim, notou a equipa da FEUP, no caso de se verificar o maior tráfego de mercadorias, há um troço importante do rio (entre o quilómetro 48 e o quilómetro 100) em que o crescimento da navegação turística e náutica de recreio fica restringido aos 2%. É neste troço que se localizam três dos quatro estreitamentos do canal de navegação, que colocam restrições ao cruzamento de navios e que não serão alvo de intervenção no âmbito do projecto DIW2020.

A APDL já está a avaliar as medidas que permitirão eliminar esses constrangimentos, assegurou ao PÚBLICO Raquel Maia. “À medida que a procura caminhe em direcção às solicitações de tráfego previstas no cenário mais optimista, a APDL tomará as medidas necessárias ao incremento da capacidade neste troço”, afirmou.

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