Trump como Bush - a contestação a um Presidente não é inédita

No dia de tomada de posse, George W. Bush não pôde fazer a sua parada triunfal pro causa dos manifestantes. Foi de carro para a Casa Branca, não a pé.

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Depois de conhecidos os resultados milhares de manifestantes foram para as ruas Reuters/LUCAS JACKSON

Estamos a 21 de Janeiro de 2001. George W. Bush assumia o cargo de Presidente dos EUA, antes ocupado por Bill Clinton. Entre a Avenida Pensilvânia (a da Casa Branca) e o Capitólio - o edifício frente ao qual é feito o juramento da tomada de posse -, milhares de pessoas alinham-se para protestarem. Desde 1973 que não se viam ali tantos manifestantes, escreve a revista norte-americana Salon. Até então, só a Guerra do Vietname tinha levado tantos norte-americanos a manifestar-se junto à Casa Branca e ao Capitólio. Estava no poder a Administração de Richard Nixon.

Em 2000, a eleição de Bush chegou ao Supremo Tribunal e isso mostrava “o nível de descontentamento” das pessoas que estavam na rua, justificava à data Liz Butler, do movimento Justice Action. “Vimos ali muito mais pessoas a protestar contra Bush do que a apoiá-lo”, relatava à revista.

No ar, cartazes com “seleccionado, não eleito” e “Bush fez batota” eram apenas algumas das mensagens que os norte-americanos queriam passar. O grupo de manifestantes era compostosobretudo por pessoas ligadas a causas sociais. Feministas, grupos que defendiam o fim da pena de morte, activistas de direitos LGBT e ambientalistas. Houve gás pimenta e lacrimogéneo, mas não se registaram casos de violência, só um ovo, lançado contra a limusina que levava Bush, que para evitar o protesto fez de carro, e não a pé como é tradição (numa parada triunfal), o percurso entre o Capitólio e a Casa Branca.

Os relatos deste protesto são agora recuperados, em 2016, para explicar que a contestação nas ruas devido à eleição de um Presidente não é inédita. A notícia da eleição de Donald Trump surpreendeu muitos norte-americanos e as primeiras reacções começaram quando uma vitória democrática se tornava cada vez mais improvável.

Durante a noite de quarta-feira, milhares de pessoas foram para as ruas em protesto e marchas contra o Presidente eleito. As manifestações foram convocadas através das redes sociais e foram-se espalhando por vários estados. Ao longo desta quinta-feira, em que Trump reuniu com Obama, não se registaram notícias de mais manifestações violentas. O novo Presidente eleito toma posse a 20 de Janeiro de 2017.

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