Sonangol quer manter posição accionista no BCP em linha com a da Fosun

Banco teve um prejuízo de 251 milhões de euros e vai voltar a reunir a Assembleia Geral a 21 de Novembro

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bruno lisita

A assembleia-geral do BCP desta quarta-feira, onde 35% do capital se fez representar, adiou a votação da passagem da blindagem dos direitos de voto dos actuais 20% para 30%. A decisão será tomada a 21 deste mês e é uma condição imposta pela Fosun para entrar no banco liderado por Nuno Amado.

Na agenda dos accionistas (onde se destacam a Sonangol, Sabadell, EDP e InterOceânico, e de onde partiu o pedido de reunião magna) estavam outros dois pontos: a manutenção das restrições estatutárias; o alargamento do conselho de administração de 19 para até 25 membros. Este órgão de governação passa a ter três vice-presidentes (mais um que os previstos agora). Ambas as medidas foram votadas favoravelmente.

Já a comissão executiva, liderada por Nuno Amado (e que emana da administração) contará com um limite máximo de nove membros e um mínimo de seis. A Fosun quer nomear delegados para os dois órgãos de gestão. 

Todas estas decisões visam acomodar a entrada do grupo chinês Fosun, que se propõe ficar no final com uma participação na instituição portuguesa entre 20% e 30%. Um investimento relevante que terá de ser aprovado pelo Banco Central Europeu (BCE).

A 30 de Julho, a Fosun (dona da Fidelidade e da Luz Saúde) informou o mercado do seu interesse em controlar mais de 16% do capital do BCP, por aumento de capital. Mas esclareceu que o objectivo é subir para 20% e depois para 30% (daí a revisão dos estatutos).

Até agora, o grupo chinês já tinha assegurado dois pedidos: a não obrigação “de realização de contribuições especiais e de reconhecimento contabilístico imediato de potenciais contribuições futuras para o Fundo de Resolução” e “o reverse stock split, aprovado na AG de Abril do BCP”, que serve para reduzir o número de títulos e valorizar o preço unitário das acções.

Para além da luz verde dos reguladores ao negócio, falta a decisão sobre a subida do texto dos direitos de voto, e que irá a votos dia 21 deste mês.

Prejuízos de 264,5 milhões

Esta quarta-feira, o BCP apresentou também os resultados dos primeiros nove meses do ano, tendo registado prejuízos de 251 milhões, valor que no mesmo período do ano anterior foi positivo de 264,5 milhões de euros. A actividade internacional ajudou a compensar o ciclo negativo com 134,8 milhões.

Na apresentação de resultados, Nuno Amado recusou comentar a notícia avançada pelo canal de notícias Eco.pt que indica que a petrolífera angolana Sonangol pretende subir para mais de 20% a sua posição no BCP,  pedido que já fez chegar ao BCE. Uma informação que concentrou a atenção dos accionistas do BCP presentes na assembleia geral. O CEO também não esclareceu se foi informado pela Sonangol da sua intenção de acompanhar a Fosun.

E justificou o adiamento da AG desta quarta-feira, para 21 de Novembro, por ser necessário continuar a discutir o alinhamento das várias posições accionistas e do próprio banco e acomodar os requisitos do BCE. Em causa está o pedido da Fosun de subir a fasquia da blindagem do capital do BCP de 20% para 30%. Notou ainda que na AG "mais de 90% do capital presente [35%] votou manter" a blindagem do capital, faltando apenas definir a fasquia.

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