McDonald's processa Florença por atentar contra a liberdade de iniciativa privada

A empresa exige indemnização do município italiano de mais de 17 milhões de euros.

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Os florentinos querem proteger o centro histórico da cidade italiana XX

A cadeia de fast food McDonald’s anunciou esta segunda-feira que vai processar a cidade de Florença e pedir uma indemnização de mais de 17,8 milhões de euros (20 milhões de dólares). O presidente da câmara daquela cidade italiana recusaram um pedido da multinacional, que pretendia abrir um ponto de venda na Piazza del Duomo, no centro de Florença.

Os responsáveis pela gigante norte-americana sentem-se prejudicados e vão avançar com um processo num tribunal administrativo italiano. Não entendem os motivos para lhe ser recusada a licença. Para a McDonald’s, o “caso da Piazza Del Duomo” é agravado pelo facto de a empresa se ter comprometido a adaptar o modelo de negócio às regras locais, nota o Guardian.

A cidade de Florença alterou a regulação de atribuição de licenças em Janeiro deste ano. Essas mudanças obrigam a que os restaurantes no centro histórico utilizem “produtos típicos” da região da Toscana. A nova regulação visa impedir a proliferação de negócios direccionados para os turistas “de mochila”, como lojas de recordações e cadeias de comida barata, explica a Fortune.

Segundo o Wall Street Journal, os norte-americanos prometeram que pelo menos 80% das matérias-primas utilizadas naquele restaurante seriam de origem local, como a carne de vaca da raça Chianina, típica da Toscana.

O presidente da câmara de Florença, Darion Nardella, de centro-esquerda, recusou a proposta em Junho. A sua decisão foi apoiada por um painel técnico, que pretende preservar o centro histórico da cidade de Dante e Michelangelo.

“A McDonald’s tem o direito de apresentar um pedido, porque é permitido por lei, mas nós temos o direito de dizer não”, declarou Nardella, citado pelo Guardian. Quando a notícia da abertura do 10.º espaço da cadeia em Florença começou a circular, 24 mil florentinos assinaram uma petição online, em protesto.

“Concordamos que a herança cultural e artística dos centros históricos das cidades italianas devem ser protegidos, mas não podemos aceitar regulações discriminatórias que atentam contra a liberdade de iniciativa privada e que não ajudam ninguém”, critica a cadeia McDonald’s, em comunicado citado pelo Wall Street Journal.

No mês passado, o diário La Republicca noticiava que a abertura de um restaurante McDonald’s perto da praça de São Pedro, em Roma, também tinha gerado descontentamento por parte dos cardeais que vivem na zona.

“A área já está saturada de restaurantes de fast-food e lojas de conveniência”, explica Moreno Prosperi, um dos líderes dos protestos em Roma, citado pelo Wall Street Journal. Segundo o mesmo jornal, as cidades italianas são das que mais resistem à abertura de espaços da gigante americana, quando comparadas a outras cidades europeias. 

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