Grande distribuição “rouba” clientes à restauração

Cerca de 6% dos gastos com snacks, gelados ou refrigerantes para consumir na rua são feitos nos hiper e supermercados.

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Gastamos em média 1,72 euros quando vamos a um café Fernando Veludo/NFactos

Ainda é nos cafés que os portugueses tomam o pequeno-almoço ou bebem café mas, no último ano, as principais cadeias de grande distribuição têm diversificado serviços e passaram a ter também cafetarias e restaurantes. O impacto desta mudança no negócio da restauração ainda não será muito visível. No entanto, os dados da Kantar Worldpanel indicam já uma nova tendência: 6% dos gastos em snacks, chocolates, bolos ou refrigerantes para consumir na rua já são feitos na distribuição moderna (5% entre Janeiro e Setembro de 2015).

Blandine Mayer, responsável da empresa de estudos de mercado, exemplifica que há cada vez mais jovens que, em vez de irem ao café comprar um gelado, deslocam-se ao supermercado e compram uma caixa, que dividem depois entre si. A pulverização de lojas de proximidade ajuda a explicar o fenómeno.

Ainda assim, o chamado canal horeca (hotéis, cafés e restaurantes) lidera neste tipo de consumo, conseguindo um gasto por acto mais elevado (1,72 euros, em vez de 1,48 euros conseguidos na distribuição).

A criação de restaurantes dentro dos hipermercados também tem desviado clientes da restauração tradicional. Outra análise recente da Kantar concluiu que os cafés, pastelarias e restaurantes dentro das lojas já são uma alternativa à restauração tradicional. Cerca de 40% dos portugueses afirmam já ter feito algum tipo de compra para consumir fora de casa e são os mais jovens (entre os 18 e os 34 anos) quem está a aderir mais a esta oferta. Compram comida para consumir no local de trabalho, na própria loja ou na rua.

Outra categoria de produto que tem crescido “fora de casa” são as bebidas. Em média, entre Janeiro e Setembro deste ano, os portugueses compraram nos hipers e supermercados menos 20 litros do que em 2014 e preferiram as bebidas sem álcool para consumo no lar. Enquanto o vinho, a cerveja ou o whiskey caem 0,9%, águas e sumos aumentam 0,6%. Só o consumo de vinho desceu 2,3% mas esta redução não afectou, por exemplo, o vinho verde.

Manuel Pinheiro, presidente da comissão executiva da Comissão de Viticultura da Região do Vinho Verde, sublinha que as vendas na segunda região demarcada mais importante do país (depois do Alentejo) aumentaram 6% este ano.

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