Área ardida em Agosto foi duas vezes e meia superior à média

Mais de 90% da área consumida este ano pelos fogos ardeu em Agosto. Distrito de Aveiro foi o mais fustigado pelas chamas.

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No último mês arderam quase 100 mil hectares de floresta no país Nélson Garrido (arquivo)

Mais de 90% do total da área consumida este ano pelos fogos ardeu em Agosto e um único dia foi responsável por quase metade (45%) do total da área ardida desde 1 de Janeiro de 2016. Ao todo arderam no mês passado 99.344 hectares — mais do dobro da média dos últimos dez anos —, dos quais 47.954 correspondem aos 404 incêndios que deflagraram apenas no dia 8.

Os números foram avançados nesta terça-feira pelo comandante nacional operacional da Protecção Civil, José Manuel Moura, que revelou que entre os dias 6 e 14 de Agosto o número de ignições esteve acima das 250 e que só nos dias 7 e 8 se registaram mais de 400 ocorrências diárias. Agosto registou ainda um aumento na ordem dos 50% no número de ocorrências. No total anual estão contabilizadas até agora 10.288 ignições, das quais 5487 só no mês de Agosto.

Em comparação com os últimos dez anos, os dados avançados hoje mostram uma diminuição no número de ocorrências (21,8%) e um aumento da área ardida (45,2%) em 2016 até 31 de Agosto. No entanto, se tivermos apenas em conta os números relativos ao último mês, tanto a área ardida como o número de ocorrências registaram um aumento relativamente à média do decénio. Foram registadas mais 961 ocorrências face a uma média de 4526 ignições no mês de Agosto e a área ardida foi duas vezes e meia superior à média (39.592 hectares).

Falando em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Carnaxide, José Manuel Moura indiciou que alguns dos incêndios não foram combatidos mais rapidamente por não existirem condições de combate. Por vezes, explicou, a severidade meteorológica não deixa os operacionais realizarem o seu trabalho devido à rápida propagação dos fogos e, segundo o comandante da ANPC, essa severidade é mesmo “a única razão para explicar a área ardida”.

Devido à extrema severidade verificada entre 6 e 15 de Agosto esteve em vigor o Estado de Alerta Especial (EAE) de nível laranja, mas José Manuel Moura está satisfeito por não existirem vítimas a lamentar. Durante esse período foram registados 3139 incêndios, envolvendo 74.006 operacionais, apoiados por 20.010 viaturas e por meios aéreos que estiveram envolvidos em 1215 missões. Portugal contou ainda com ajuda internacional, nomeadamente de Marrocos, Espanha e Rússia, que enviaram dois aviões cada, e ainda Itália, que ajudou com um meio.

Durante a fase Charlie do dispositivo especial de combate a incêndios florestais, o distrito do Porto foi o que registou mais ignições (2733) e Aveiro foi o que contabilizou mais área ardida, devido aos incêndios que deflagraram nos concelhos de Arouca e Águeda. Viana do Castelo, Santarém e Guarda também registaram valores de área ardida elevados.

Entre 15 de Maio e até final de Agosto, 44% das ignições ocorreram entre as 12h e as 17h. Para este arranque de Setembro o cenário não se prevê diferente, tendo em conta que o número de ocorrências foi aumentando ao longo da última noite.

Texto editado por Tiago Luz Pedro

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