Colômbia não aceita mais reaberturas temporárias da fronteira com a Venezuela

Governo colombiano exige uma solução permanente e definitiva para o restabelecimento da circulação terrestre entre os dois países. Venezuela fechou a fronteira em 2015, mas autorizou a circulação por doze horas nos dois últimos fins-de-semana para que as famílias pudessem ir às compras.

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Estima-se que cerca de 167 mil venezuelanos tenham aproveitado a medida extraordinária para cruzar a fronteira AFP/GEORGE CASTELLANOS

A Colômbia não vai mais autorizar a reabertura temporária da fronteira terrestre com a Venezuela, que tem sido uma das formas encontradas pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro para o abastecimento da população venezuelana com produtos básicos e bens de primeira necessidade. “A próxima abertura da fronteira tem de ser permanente”, exigiu a ministra dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, Maria Angela Holguin, ao informar que Bogotá decidiu que “não voltará a haver sessões como a dos últimos dois fins-de-semana”.

A governante referia-se à reabertura, por um período máximo de doze horas, dos postos fronteiriços venezuelanos, que estão fechados desde Agosto de 2015 por ordem de Caracas. Além de decretar o estado de excepção para suspender a circulação na fronteira de 2200 quilómetros entre os dois países, o Governo de Maduro também deportou centenas de cidadãos colombianos que viviam no país vizinho – decisões que na altura foram justificadas como necessárias para pôr fim às rotas de contrabando, que alegadamente beneficiavam da política de preços subsidiados para desviar mercadorias para a Colômbia.

Mas perante a deterioração da situação económica, e a grave crise de abastecimento que tem mantido os supermercados venezuelanos vazios, Caracas determinou que a passagem para o país vizinho, por um período controlado, podia ser autorizada, permitindo a milhares de famílias fazer compras e trocar moeda estrangeira, coisas que não conseguem fazer no seu próprio país.

Segundo os serviços de fronteiras, nos dois dias, em dois fins-de-semana consecutivos, em que as barreiras foram levantadas, mais de 167 mil venezuelanos cruzaram a pé a ponte Símon Bolivar que dá acesso ao município de Cucúta, em busca de papel higiénico e fraldas descartáveis, farinha, óleo e paracetamol. Em média, cada consumidor desembolsou cerca de 40 mil pesos, correspondentes a 12 euros, que é mais do que um salário mínimo na Venezuela.

A Colômbia – que estava tentar negociar a reabertura das fronteiras – viu nestas medidas extraordinárias um empecilho à normalização da situação. “O que está a acontecer é a Venezuela a convidar os seus cidadãos a cruzar a fronteira sem qualquer tipo de controlo”, observou a ministra colombiana. “Cada uma destas aberturas atrasou significativamente as negociações”, reconheceu o governador do estado de Táchira, na Venezuela, que tem reclamado uma solução “legal e segura” para garantir a passagem para o país vizinho.

“Por isso decidimos suspender as passagens, até se encontrar um quadro que garanta a abertura permanente da fronteira. A próxima abertura terá de ser definitiva”, explicou Maria Angela Holguin à Reuters.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, insiste que a crise no seu país se deve a uma guerra económica do exterior, com o objectivo de depôr o regime socialista bolivariano. A oposição reconhece que a baixa do preço do petróleo, que responde por 90% das receitas do país, provocou um duro rombo nas finanças nacionais, mas contrapõe que foi o falhanço das políticas económicas chavistas que conduziu à actual crise.

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