Atraso no programa grego domina reunião do Eurogrupo

Encontro dos ministro da zona euro decorre esta segunda-feira.

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"É para mim muito difícil compreender porque devíamos fazer mais nesta situação," disse Euclides Tsakalotos, ministro das finanças grego, na semana passada no Parlamento Europeu . AFP/EMMANUEL DUNAND

O terceiro resgate financeiro à Grécia volta a dominar a discussão entre os 19 ministros do euro que se reúnem esta segunda-feira em Bruxelas, num momento em que os constantes atrasos em concluir a primeira revisão ao programa levantam preocupações.

A revisão ao programa financeiro de 86 mil milhões de euros - que inicialmente se esperava algures entre Outubro e Novembro do ano passado - tem sido adiada e estima-se agora que aconteça por volta da Páscoa.

"A decisão de quando os chefes de missão irão regressar será feita pelas instituições (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) quando estas considerarem que a situação é apropriada para tal," disse fonte europeia.

De acordo com a mesma fonte, tem havido "bons progressos" na implementação do programa, mas "há ainda assuntos em aberto" que tem de ser resolvidos antes da troika regressar a Atenas para conduzir a primeira revisão do programa.

É por isso ainda incerto dizer se os ministros das finanças da zona euro irão decidir esta segunda-feira qual a data de regresso dos técnicos.

O atraso em concluir a revisão levanta preocupações a nível político mas também económico. "Poderia adiar as contribuições financeiras (dentro do programa)," explicou a mesma fonte europeia, sobre potenciais consequências de adiamentos contínuos.

Há cinco aspectos que estão neste momento a impedir a revisão, sendo o principal o compromisso de excedente primário. A Grécia comprometeu-se a atingir um excedente primário de 3,5% do PIB em 2018, mas o FMI calcula que Atenas chegue apenas aos 2% e pede agora mais esforços por parte do governo grego.

"É para mim muito difícil compreender porque devíamos fazer mais nesta situação," disse Euclides Tsakalotos, ministro das finanças grego, na semana passada no Parlamento Europeu em Bruxelas.

Tsakalotos explicou que a exigência em ir mais longe não é apenas "politicamente difícil" mas também, e ainda mais importante, pode ser "economicamente contraprodutivo."

Desde que Atenas concordou no Verão passado em atingir tal excedente primário, a sua situação económica tem melhorado. Em Novembro, a Comissão Europeia estimou uma contracção de 1.3% do PIB em 2016, mas reviu este número em alta em Fevereiro para 0,7% do PIB.

Os outros aspectos a prender a revisão estão relacionados com alterações nos impostos sobre rendimentos, o alto nível de crédito mal parado, a criação de um fundo de privatização, e ainda a reforma no sistema de pensões.

Tsakalatos explicou em Bruxelas que mudar o sistema de pensões é particularmente difícil num período de recessão e criticou o FMI por não o compreender.

"O FMI tem um bom argumento" no que toca à alta despesa que o governo grego tem com as pensões comparativamente a outros assuntos sociais. "Mas está errado, creio eu, no sentido em que é muito difícil mudar o sistema quando se está em recessão," disse Tsakalotos.

O ministro diz que o tempo não é "ilimitado" e por isso pede rapidez na conclusão na revisão. "Adiar a revisão pode tornar-se numa profecia de que o programa grego falha sem razão."

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