Obama: a presidência é um “trabalho sério”, não é para Trump

Presidente critica “retórica” da campanha republicana e diz que “o resto do mundo” segue a corrida com preocupação.

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Trump respondeu a Obama numa acção de campanha num liceu de Beaufort Randall Hill/Reuters

Questionado sobre a campanha presidencial, o Presidente Barack Obama afirmou que o magnata Donald Trump, que lidera as sondagens entre os republicanos, não será eleito para a Casa Branca. Em resposta, o candidato considerou as palavras de Obama um “grande elogio”.

“Continuo a acreditar que Trump não será Presidente. Tenho muita fé no povo americano e penso que eles reconhecem que a presidência é um trabalho sério”, disse Obama numa conferência de imprensa na Califórnia, no final de um encontro com líderes dos países do Sudeste Asiático.

Ser presidente “não é apresentar um talk show ou um reality show”, afirmou o líder norte-americano. O multimilionário do sector imobiliário passou 14 anos como apresentador do reality show O Aprendiz, enquanto participava noutros programas televisivos do mesmo género. A presidência, acrescentou Obama “não é promoção, não é marketing, é difícil, não tem nada a ver com procurar a atenção dos media todos os dias”.

A presidência, disse ainda Obama, “implica tomar decisões difíceis mesmo se não impopulares, também ser capaz de trabalhar com dirigentes do mundo inteiro”. Mas Obama disse que Trump não é o único motivo de preocupações: “Penso que alguns observadores estrangeiros estão perturbados pela retórica desta primária republicana e pelos debates republicanos, e isso não se aplica apenas a Trump”, disse o Presidente, referindo-se a tomadas de posição que procuram inflamar sentimentos “anti-imigração” e “antimuçulmanos”.

Ainda sobre o modo como o resto do mundo vê a campanha para as presidenciais de 8 de Novembro, o Presidente democrata afirmou que “não há um único candidato no campo republicano que pense que devamos fazer alguma coisa para lutar contra as alterações climáticas”. “O resto do mundo vê e pergunta-se: mas como é que é possível?”, sublinhou Obama.

Para além de liderar as sondagens, à frente de Ted Cruz, Marco Rubio ou Jeb Bush, Trump venceu uma das duas eleições primárias realizadas até agora, a última, no New Hampshire, e lidera os inquéritos para as próximas, na Carolina do Sul, onde os eleitores republicanos votam no sábado.

Num comício de Trump precisamente neste estado, num liceu em Beaufort, Van Hipp Jr, ex-presidente no Partido Republicano na Carolina do Sul, leu os comentários de Obama, provocando uma vaia na assistência, e pediu ao candidato para os comentar.

“Ele fez um trabalho tão mau como presidente”, disse Trump. “Olhem para os orçamentos, olhem para os nossos gastos, não somos capazes de derrotar o ISIS [uma dos nomes do autodesignado Estado Islâmico], o [programa para a subscrição de seguros de saúde com o apoio do Estado] Obamacare é terrível – vamos acabar com isso, vamos absolutamente eliminá-lo”. E se olharmos para tudo, as nossas fronteiras parecem queijo suíço, este homem fez um trabalho tão mau, fez-nos recuar tanto, que considero o que disse um grande elogio”, considerou.

Trump quis ainda dizer a Obama que o teria derrotado em 2012. “A sorte dele foi eu não ter concorrido na última vez, quando [Mitt] Romney se apresentou, se fosse eu teria sido um presidente de um só mandato”.

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