CDS-PP antecipa-se ao PSD e marca congresso para Março

Centristas não querem prolongar a questão da sucessão a Portas, que só sai depois do conclave.

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Para a segunda metade da legislatura, Paulo Portas e o CDS projectam "um segundo ciclo político" NELSON GARRIDO

O CDS-PP vai ter congresso a 12 e 13 de Março, a primeira das datas que foi ponderada pela direcção do partido. A segunda data – 9 e 10 de Abril, depois do congresso do PSD no início desse mesmo mês – já prolongaria quase por três meses a questão da sucessão de Paulo Portas. Só depois da reunião magna o líder centrista deixa mesmo de exercer funções no partido.

A data de Março foi proposta pela direcção do partido e deverá ter sido aprovada no Conselho Nacional do CDS que decorreu esta sexta-feira à noite na sede do partido, em Lisboa.

O CDS-PP tem tentado gerir com contenção a saída do líder e só na próxima semana o candidato ou candidatos deverão apresentar-se. Para já, Nuno Melo está inclinado a avançar, mas esta sexta-feira, centristas admitiam que não está excluída a possibilidade de haver outro candidato forte. 

João Almeida, vice-presidente que já afastou da corrida, veio pôr água na fervura, lembrando que mesmo que haja duas candidaturas pode ser “positivo”. À entrada do Conselho Nacional, João Almeida quis salientar “a serenidade em que o partido está”, tendo em conta a liderança de Portas nos últimos 18 anos.

A declaração foi feita depois de Filipe Anacoreta Correia, líder da tendência interna que tem sido crítica da direcção de Portas, ter levantado a possibilidade de haver dois candidatos.“Antevejo um congresso vivo, muito rico. Acredito que vai haver mais do que um candidato para, no dia seguinte, estarmos todos unidos a combater o Governo PS”, disse. Filipe Anacoreta Correia também não revela se é candidato, lembrando que nos dois últimos congressos os líderes entraram na reunião sem se anunciarem candidatos. “Veremos até ao congresso”, disse.  

Os candidatos que têm sido mais apontados para concorrer à liderança – Nuno Melo e Assunção Cristas – rejeitaram revelar qualquer decisão. Mas afinaram discurso. “Eu, de CDS hoje, só doutor Paulo Portas”, disse Nuno Melo, que chegou acompanhado do ex-ministro Pedro Mota Soares, e de Álvaro Castelo Branco, líder da distrital do Porto. No mesmo sentido, Assunção Cristas disse que o momento é de agradecer ao ainda líder: “Hoje é o tempo do doutor Paulo Portas, de agradecer o trabalho extraordinário que fez. Não direi mais do que isto”, disse.  

Os regulamentos do XXIV congresso terão também sido aprovados esta sexta-feira à noite no Conselho Nacional e não são muito diferentes dos anteriores congressos sem eleições directas prévias. Os militantes podem subscrever uma moção de estratégia global, que não tem de estar associada a um candidato.

Para já, sabe-se que João Almeida, Adolfo Mesquita Nunes e Ana Rita Bessa vão apresentar uma moção, tal como aconteceu no congresso de 2014. Os textos têm de ser entregues até 26 de Fevereiro, depois da eleição de delegados (marcada para dia 20 do mesmo mês). Isto significa que os delegados não vão a sufrágio comprometidos com a moção de um candidato, ficando livres para mais tarde apoiarem o texto que entenderem.

O congresso que elegerá o sucessor de Paulo Portas (por voto secreto) terá cerca de 1200 delegados, 70% dos quais são eleitos e os restantes participam por inerência.

As eleições directas para a eleição do presidente do partido foram eliminadas no congresso de 2011 por proposta da Juventude Popular, depois de terem sido a regra desde 2005, com a liderança de José Ribeiro e Castro. Paulo Portas foi eleito em várias vezes em eleições directas (2007, 2009 e 2011).

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