Naufrágio no Mediterrâneo mata 14 pessoas, incluindo sete crianças

Guarda costeira turca conseguiu resgatar 27 pessoas, a oito quilómetros de Lesbos. Embarcação não sobreviveu a uma tempestade.

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Traficantes na Turquia oferecem viagens mais baratas quando está mau tempo no Mediterrâneo. Umit Bektas/Reuters

Morreram 14 pessoas no naufrágio de um barco de madeira que tentava chegar à ilha grega de Lesbos vindo da Turquia. Sete dos mortos são crianças, segundo avança a agência turca de informação, Dogan.

A embarcação partiu na manhã desta quarta-feira do Noroeste da Turquia em direcção à Grécia, mas acabou por se afundar a cerca de oito quilómetros de Lesbos, o principal ponto de entrada na Europa. A guarda costeira turca conseguiu resgatar 27 pessoas, de quem não se conhece ainda a nacionalidade.

O barco afundou-se devido a uma tempestade, segundo avança a Dogan. À medida que o Inverno se vai aproximando, também as condições de navegação no Mediterrâneo pioram. Os líderes europeus esperavam inicialmente que o mau tempo reduzisse o número de chegadas de refugiados e migrantes à Europa, mas o que aconteceu foi exactamente o contrário.

As Nações Unidas estimam que tenham chegado 210 mil pessoas à Grécia só em Outubro, um número recorde. Por sua vez, a Frontex, a agência europeia de protecção das fronteiras, anunciou na terça-feira uma estimativa mais conservadora: 150 mil novas entradas na Grécia, vindas da Turquia, 540 mil no total do ano. Segundo sobreviventes, os traficantes na Turquia oferecem agora viagens mais baratas em barcos de borracha, caso as condições do mar estejam difíceis. 

Mais de 3400 pessoas morreram ou desapareceram na viagem para a Europa só este ano, de acordo com os últimos números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, até agora incapaz de unir a Europa em torno de um projecto comum de asilo, alertou em Outubro para a chegada do frio e do mau tempo, dizendo que, sem ajuda, refugiados e migrantes podem morrer a caminho do Norte da Europa, por regra o principal destino de quem chega ao continente. 

A rota para o Norte passa pelos Balcãs, onde se multiplicam vedações que complicam o caminho e as temperaturas caem frequentemente para o terreno negativo no Inverno. A Hungria construiu vedações nas suas fronteiras a Sul e retirou-se do processo de acolhimento dos que fogem sobretudo à guerra e perseguição – mais de metade vêm da Síria, um quinto do Afeganistão e, em menor quantidade, do Iraque e Eritreia. Pressionados por números recorde de pessoas em circulação pelos Balcãs, Áustria e Eslovénia anunciaram já que vão construir “obstáculos técnicos”.

Representantes da União Europeia e de 30 países africanos encontram-se nesta quarta e quinta-feira, em Malta, para discutirem formas de travar o fluxo de pessoas que chegam de África. Para isso, escreve o Financial Times, Bruxelas disponibilizará 1800 milhões de euros em ajudas.    

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