Investigadores ainda não querem avançar causas para a queda de avião no Sinai

Especialistas internacionais juntam-se às autoridades egípcias e russas para apurar causas da tragédia. Aparelho pode ter-se partido ao meio em voo.

Soldados egípcios guardam o perímetro onde decorrem as investigações à queda do voo russo
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Soldados egípcios guardam o perímetro onde decorrem as investigações à queda do voo russo AFP/KHALED DESOUKI
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A aeronave terá partido em dois ainda no ar AFP/KHALED DESOUKI
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No aeroporto de São Petersburgo presta-se tributo às vítimas AFP/OLGA MALTSEVA

Equipas de especialistas franceses e norte-americanos juntaram-se este domingo aos investigadores egípcios e russos que estão na região de al-Hassad, no Monte Sinai, à procura de pistas que expliquem as causas para a queda do voo 7K9268, operado pela companhia russa Metrojet, com 224 passageiros a bordo, no sábado de manhã. Não houve sobreviventes.

Além dos técnicos do ministério da Aviação Civil do Egipto e da agência de aeronáutica russa, as diligências contam agora com especialistas da autoridade francesa de aviação, com enorme experiência de investigação de desastres aéreos, e ainda com representantes da Airbus e do fabricante norte-americano dos motores da aeronave, que descolou do aeroporto de Sharm-el-Sheikh às 5h58 (hora local), para um voo de cinco horas até à cidade de São Petersburgo.

Em menos de 24 hora, acumularam-se várias informações contraditórias, quer sobre o estado de conservação do Airbus A-321-200, fabricado em 1997 e com mais de 56 mil horas de voo acumuladas, quer sobre possíveis problemas na descolagem, que teriam levado o piloto, Valeri Nemov, a comunicar a intenção de proceder a uma aterragem de emergência assim que possível por causa de problemas técnicos. Essa informação, que foi avançada pelos serviços de controlo aéreo egípcios, foi entretanto desmentida por porta-vozes governamentais.

Numa entrevista à cadeia russa NTV, a mulher do co-piloto, Sergei Trukhachev disse que, num telefonema antes da partida de Sharm-el-Sheikh, o marido tinha reclamado das condições do avião, que nas suas palavras “deixavam muito a desejar”. A companhia aérea russa garantiu que a aeronave cumpria todos os requisitos para a operação, e fora objecto de manutenção na Airbus em 2014, e o ministro egípcio da Aviação Civil, Hossam Kamal, acrescentou que a vistoria realizada antes da descolagem “não revelou nenhum problema técnico”.

As duas caixas negras do avião – uma que grava as comunicações no cockpit, e outra contendo todos os dados técnicos – foram imediatamente localizadas e estão já a ser analisadas pelos investigadores, que para já ainda não adiantaram qualquer informação relevante extraída desse equipamento.

Os dados recolhidos por sites de monitorização de voo como o Flight Radar 24 indicam que o voo cumpriu uma trajectória normal, subindo até aos 31 mil pés (cerca de 9450 metros) de altitude, quando 23 minutos depois da descolagem começou a perder velocidade e a cair de forma dramática, até se despenhar na região desértica do Sinai, a cerca de 35 quilómetros da cidade de el-Arish, na costa mediterrânica do Egipto.

Os especialistas dizem que a observação dos destroços no deserto sugere que o avião se terá partido em duas metades em pleno voo: uma das partes, a maior, terá embatido contra uma rocha, na queda, e a outra, correspondente à cauda, ter-se-á incendiado. Para os especialistas, isso é sinal de um “falhanço catastrófico” e não apenas de uma falha técnica, como foi inicialmente avançado.

Os governos do Egipto e da Rússia puseram de lado a hipótese de o avião ter sido abatido, a partir do solo, por um míssil terra-ar disparado por militantes locais afiliados ao Estado Islâmico. Em publicações na Internet e nos canais habituais do Twitter, o grupo jihadista reivindicou a acção, mas foi rapidamente desacreditado pelos serviços de segurança egípcios, que não detectaram qualquer actividade militante no local. Os mesmos serviços garantem que os extremistas do Sinai não dispõem de armamento capaz de atingir alvos à altitude a que seguia o avião russo.

No entanto, especialistas em aviação aconselham a não excluir a hipótese de se ter tratado de um atentado, que poderia ter sido levado a cabo com um engenho explosivo colocado no avião. A tese de um bombista suicida parece menos provável, não só por causa das apertadas medidas de segurança seguidas no aeroporto de Sharm-el-Sheikh, como pela observação dos destroços.

No terreno, foi alargado o perímetro da investigação em mais 15 quilómetros, onde ainda se encontravam destroços do acidente. Segundo as autoridades egípcias, até agora foram recuperados 163 corpos. Os serviços médico-legais egípcios estimam que as primeiras transladações para a Rússia possam acontecer este domingo.

 

 

 

 

 

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