Ataques aéreos acontecem após semanas de reforço militar russo na Síria

Moscovo tem pelo menos 28 caças Sukhoi no país, entre eles os versáteis SU-30, com capacidade para actuar em todo o tipo de combates e nas condições mais adversas.

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O reforço militar começou em finais de Agosto e inícios de Setembro ALEXEI NIKOLSKI/AFP

A Rússia é um dos principais fornecedores de armas à Síria e um aliado de décadas do regime da família Assad, mas nas últimas semanas reforçou também a sua presença militar no terreno. Depois de ter usado drones de vigilância, Moscovo deu finalmente ordens para a entrada em acção dos seus caças, localizados numa nova base aérea construída na província de Latakia, no Mediterrâneo.

A parte mais importante da máquina militar russa na costa da Síria é constituída por 28 caças de três modelos distintos que, em conjunto, alargam de forma considerável a eficácia dos combates contra as forças que se opõem a Bashar al-Assad – o autoproclamado Estado Islâmico mas também facções da Al-Qaeda e grupos rebeldes moderados, estes últimos apoiados por países como os Estados Unidos.

Dois desses modelos de caças – o Sukhoi SU-24 e o Sukhoi SU-25 – são também usados pela Força Aérea ucraniana, e alguns deles foram abatidos pelos combatentes separatistas de Donetsk e Lugansk no conflito no Leste da Ucrânia. São ambos vulneráveis a lançadores de mísseis portáteis, usados pelas forças pró-russas na Ucrânia mas também por combatentes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Para terem mais soluções nos ataques aéreos que decidiram lançar esta quarta-feira, as autoridades militares russas enviaram também para a Síria pelo menos quatro versáteis Sukhoi SU-30, preparados para todo o tipo de combates – aéreos ou contra alvos no solo – e nas condições mais adversas.

Estes Sukhoi SU-30 podem "mudar o jogo", disse ao The Washington Post um piloto dos Marines norte-americanos que falou sob condição de anonimato. "O SU-30 é equivalente ao F-18 norte-americano, está preparado para várias tarefas. É um excelente caça se os russos quiserem apoiar a guerra contra o Estado Islâmico, e também é um excelente caça se se meterem em trabalhos com os Estados Unidos", cita o jornal norte-americano.

Para além dos 28 caças Sukhoi, a Rússia tem também na Síria 14 helicópteros, tanto de combate como de transporte, e sistemas de mísseis antiaéreos SA-22, de acordo com a avaliação do Institute for the Study of War – um instituto de pesquisa e análise que se apresenta como sendo independente, mas que é acusado de defender uma política externa agressiva por parte dos Estados Unidos.

De acordo com um mapa divulgado pelo mesmo instituto, para além da base no porto de Latakia, no Noroeste da Síria, a Rússia tem também posições em seis outros locais ao longo da costa do país, no Mediterrâneo, e perto da fronteira com o Líbano, em zonas controladas pelas forças do regime de Bashar al-Assad.

Para além da base de Tartus – que é oficialmente a única base naval russa no Mediterrâneo –, os militares russos estarão também presentes nas áreas do Aeroporto Bassel al-Assad e em Slinfah, nas proximidades do porto de Latakia, e no Aeroporto Internacional de Damasco. Os outros dois pontos são Hama e Homs, um pouco mais para o interior do país e onde foram lançados os ataques aéreos desta quarta-feira.

O mapa divulgado pelo Institute for the Study of War, e publicado por vários sites e jornais internacionais, indica que as bases russas estão situadas em zonas onde não há uma presença significativa dos combatentes do autoproclamado Estado Islâmico, e onde os rebeldes anti-Assad têm alcançado importantes vitórias militares nos últimos meses.

Mas não foi apenas o reforço da presença militar russa que se fez sentir desde finais de Agosto e inícios de Setembro. No domingo, o governo iraquiano anunciou que iria começar a partilhar informações com a Rússia, a Síria e o Irão, no âmbito do combate contra os jihadistas do Estado Islâmico – uma decisão que causou desconforto em Washington porque reforça o papel de Bashar al-Assad.

"Compreendemos que o Iraque tenha interesse em partilhar informação sobre o ISIL [sigla usada pelos norte-americanos para designar o autoproclamado Estado Islâmico] com outros governos da região que também estão a lutar contra o ISIL. Mas não apoiamos a presença de responsáveis do governo sírio, que representam um regime que tem brutalizado os seus próprios cidadãos", disse à Associated Press o coronel Steve Warren, porta-voz da campanha militar da coligação liderada pelos EUA.

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