Apoio sueco à Frente Polisário leva Marrocos a proibir abertura de loja IKEA

O Ministério do Interior marroquino explicou, numa nota, que a loja não cumpre os requisitos das licenças.

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O conflito no Sara Ocidental arrasta-se há décadas AFP

As autoridades marroquinas proibiram a abertura, marcada para esta terça-feira, de uma loja IKEA em Marrocos. Uma fonte próxima do palácio diz que a decisão se prende com a posição do Governo sueco de apoiar a criação de um estado no Sara Ocidental, território reclamado por Rabat.

A inauguração da loja foi suspensa na segunda-feira, quando o Ministério do Interior emitiu uma nota dizendo que a loja não cumpre os requisitos das licenças. E não dá mais pormenores, diz a agência Reuters.

Porém, um site que a Reuters diz ser "próximo do palácio" adiantou que se trata de uma decisão política devido ao apoio da Suécia à criação da República Democrática Árabe Saraui, uma reivindicação antiga da Frente Polisário que controla parte do Sara Ocidental.

O conflito entre Marrocos e a Frente Polisário dura há décadas e, há 20 anos, as Nações Unidas criaram uma comissão destinada a encontrar uma solução para o futuro da região. Foi planeado um referendo, para que fosse a população a decidir o seu futuro, mas não teve lugar.

O surgimento de um novo estado no Sara Ocidental é apoiado por países da União Africana. Na Europa, a causa da Frente Polisário tem recepção favorável sobretudo na Escandinávia, com os governos a defenderem o direito da população do Sara Ocidental à auto-determinação e alguns estados, como a Suécia, a aprovarem, no Parlamento, em 2012, a criação da República Saraui.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, não ficou claro na nota do Ministério do Interior marroquino se a proibição da abertura da loja sueca é temporária ou definitiva. O jornal britânico tentou contactar responsáveis marroquinos e do IKEA, mas não obteve resposta.

A loja de 26 mil metros quadrados foi construída no maior centro comercial do reino de Marrocos, junto à cidade de Mohamedia, um complexo erguido por um consórcio entre o grupo Al-Futtaim do Dubai, a cadeia de supermercados Marjane de Marrocos e a portuguesa Sonae Sierra.
 

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