Mais de 40% dos consumidores preferem comprar online em lojas do seu país

Quase 60% dos comerciantes não têm negócio na Internet. Roupa e artigos desportivos são os produtos mais vendidos, revela estudo da Comissão Europeia.

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Maioria das queixas dos consumidores que compram online prendem-se com o acto de entrega Daniel Rocha

A Internet é a montra do mercado global mas, na hora de comprar, 44% dos consumidores ainda preferem lojas online originárias do seu próprio país e uma larga fatia dos comerciantes (37%) vende a maioria dos seus produtos no mercado doméstico. Quase 60% nem sequer têm negócio na Internet. Um estudo da Comissão Europeia sobre o comércio electrónico divulgado nesta segunda-feira revela que apenas 12% dos retalhistas têm clientes noutros mercados. Ao mesmo tempo, apenas 15% dos europeus compram onlinefora de portas.

“As compras online domésticas são feitas com maior frequência e representam 70% das compras mais recentes”, refere o Consumer Conditions Scoreboard. Uma análise mais fina sugere, contudo, que a frequência das compras noutros países da União Europeia está mal documentada, já que, muitas vezes, os consumidores não sabem que estão a comprar numa loja de um comerciante de outro país. E “o facto de fazerem compras além-fronteiras pensando que o estão a fazer a uma empresa do seu mercado interno significa que não têm conhecimento dos termos aplicáveis do contrato”, sublinha a comissão, defendendo que este comportamento limita a “pressão competitiva” no Mercado Único Digital, conceito inspirado no mercado comum da UE e que tem como objectivo a supressão das barreiras nacionais às transacções online.

No espaço europeu, as empresas que oferecem serviços vendem mais facilmente para fora do seu mercado doméstico, em comparação com as que vendem produtos. Entre os artigos mais vendidos estão o vestuário e os artigos desportivos. Seguem-se as viagens e hotéis, produtos para a casa, bilhetes para eventos e livros. As vendas de conteúdo digital e o uso de serviços online (pagos ou gratuitos) estão a aumentar. De acordo com o estudo, em média os europeus gastam entre 94 e 107 euros nestes conteúdos, um valor muito inferior aos 760 euros que despendem com roupa ou bens tangíveis. Em termos globais, o comércio online vale quase 2% do PIB da União Europeia.

O Consumer Conditions Scoreboard, que também analisa os direitos dos consumidores, traça ainda o retrato dos hábitos de compra na Internet e conclui que quatro em cada dez inquiridos que compram artigos (tangíveis) online preferem retalhistas que têm lojas físicas. “A presença de lojas físicas é mais importante para os que compram com frequência e para os que compram noutros países”, sublinha o documento. Em média, na sua última compra, os consumidores online gastaram 3,1 horas na Internet. As razões mais apontadas para escolher um determinado site ou aplicação é o preço (45%) e já ter tido antes uma boa experiência com o retalhista (44%). Cerca de 80% compraram através de um computador portátil, seguiu-se o computador (73%), o smartphone (59%) e o tablet (52%) A maioria (52%) paga as compras com cartão de crédito ou sistemas de pagamento online como o Paypal (47%).

As entregas dos produtos são feitas no local de trabalho ou em casa e apenas 8% escolhem levantar a encomenda na loja física. A conveniência, os preços mais baixos e o maior leque de produtos são as razões apontadas para comprar online. Mais de 60% dos consumidores sentem mais confiança em comprar a empresas que operam no mercado nacional.

Quanto aos problemas identificados por quem habitualmente faz compras na Internet, há mais queixas entre os inquiridos da Polónia, Roménia, Eslováquia, Grécia e Hungria. Pelo contrário, em Portugal, Holanda, Dinamarca ou Lituânia são apontadas menos dificuldades.

Quando questionados sobre os problemas com que se confrontaram mais recentemente, os consumidores indicaram que a maior parte das questões surgem na encomenda de bens tangíveis (73%), seguidos de conteúdos digitais (19%) e serviços online (8%). A maioria dos problemas tem a ver com a entrega ou quando o produto não tem nada a ver com o que foi previamente encomendado.

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