Petróleo desliza com os mercados financeiros e cai para mínimo de seis anos

Barril de Brent ronda os 43 dólares. Há um ano, o preço estava nos 103 dólares.

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A oferta acima da procura deverá continuar em 2016 Reuters

O petróleo seguiu o caminho dos mercados financeiros, que tiveram na China uma segunda-feira negra, arrastando as bolsas europeias e americanas. O preço do barril de Brent acentuou a trajectória descendente, caindo para o valor mais baixo dos últimos seis anos, mas mantendo-se acima dos valores do final de 2008, quando se agudizou a crise financeira mundial.

A cotação do Brent, que diz respeito ao petróleo do Mar do Norte, oscilou esta segunda-feira entre os 43 dólares e os 44 dólares, uma desvalorização de cerca de 4% face a sexta-feira. É a primeira vez desde 2009 que cai para um patamar abaixo dos 45 dólares. Também o West Texas Intermediate (petróleo americano, mais conhecido pela sigla WTI), chegou a ter quedas próximas de 3%, com os preços a andarem em torno dos 39 dólares. Desde o final do ano passado que este índice ronda os valores mínimos dos últimos cinco anos.

A desvalorização do Brent é drástica quando feita a comparação com o ano passado. Há exactamente um ano, e já então a reflectir dois meses de descidas, o barril custava perto de 103 dólares, o que significa uma queda anual de 58%. Ainda assim, o cenário parece melhor do que o dos últimos meses de 2008, quando, já depois do colapso do banco americano Lehman Brothers (que foi um dos momentos definidores da chamada grande recessão), o preço chegou a tocar nos 37 dólares. Nesse mesmo ano, tinha atingido picos de 146 dólares.

Foi em Junho do ano passado que o petróleo começou uma descida abrupta impulsionada por uma abundância de oferta. Este ano, os preços chegaram a recuperar, ascendendo quase aos 68 dólares, mas no mês passado a tendência de queda voltou a ser inequívoca.

Uma produção acima da procura ajuda a explicar o baixo preço do crude – e esta é uma situação que está para durar, de acordo com as estimativas do mercado. Tanto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como a Agência Internacional para a Energia (de que Portugal faz parte) anteciparam este mês que o excedente de oferta se vai prolongar por 2016.

No ano passado, a OPEP chegou a debater uma redução da produção. No entanto, a Arábia Saudita, que, tal como os restantes países da região, prefere manter os actuais níveis de extracção e lutar por mais quota de mercado (apesar de a queda de preço já estar a afectar fortemente as exportações), conseguiu frustrar as pretensões de países mais pobres, sobretudo da Venezuela, cujas economias estão a sofrer com o preço baixo. O ministro do Petróleo do Irão, outro membro da OPEP, publicou nesta segunda-feira uma mensagem no seu site oficial a afirmar que o país pretende continuar a aumentar os seus níveis de produção.

Por outro lado, o abrandamento da economia chinesa, bem como a depreciação recente do yuan, estão a colocar mais pressão sobre o preço, dado que a China é o segundo maior comprador mundial de petróleo. Uma desvalorização da divisa em relação ao dólar torna mais caro para o país continuar a alimentar as suas vastas reservas de crude. 

Uma quebra nas exportações da China significa também uma menor procura do país por matérias-primas, cujos preços também se estão há muito a ressentir nos mercados internacionais. O Bloomberg Commodity Index, que agrega 22 materiais, teve ao longo deste segunda-feira deslizes que chegaram a aproximar-se dos 3%, tendo este índice recuado para o valor mais baixo desde 1999. O cober e o alumínio, dois metais cujos preços têm estado a cair, atingiram patamares mínimos dos últimos seis anos.


 

 

 

 

 

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