Parlamento grego tenta aprovar reformas para iniciar negociações de resgate

Tsipras desafia os contestatários do Syriza a apoiar o seu Governo ou a apresentar alternativas que permitam manter a Grécia no euro.

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O ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, gostaria de iniciar negociações para um novo resgate já na sexta-feira Yiannis Kourtoglou/REUTERS

O Parlamento grego já debate um novo pacote legislativo de reformas acordado com a zona euro, um passo prévio para um terceiro resgate e visto como novo teste ao Governo. Mas o dia de quarta-feira não será fácil: sindicatos convocaram manifestações e o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, apesar de poder contar com a aprovação da oposição, luta por recuperar o apoio dos rebeldes do seu próprio partido.

“É extremamente importante acabar hoje o processo de acções prévias para podermos iniciar as negociações na sexta-feira” para um novo resgate, afirmou o ministro das Finanças Euclides Tsakalotos no arranque do debate, apelando à colaboração dos deputados. O valor do novo resgate pode chegar a 86 milhões de euros e o Governo espera poder começar a negociá-lo com os credores até 20 de Agosto.

Em causa estão uma reforma do Código Civil, destinada a acelerar os procedimentos legais e a reduzir os seus custos, e a adopção da directiva europeia sobre o saneamento de bancos, que entre outras coisas garante os depósitos bancários até 100.000 euros. Os documentos começaram a ser analisados numa reunião conjunta das quatro comissões do Parlamento, e só à noite devem ser votadas em plenário.

A aprovação destas medidas é uma condição para que o Governo grego e os seus credores possam iniciar as negociações para um terceiro plano de resgate para a Grécia. Mas, na semana passada, 39 deputados do Syriza disseram não ao acordo com os parceiros europeus, numa votação que se concentrou essencialmente em aumentos de impostos e disciplina orçamental, o que levou a uma remodelação do Executivo.

“Estamos a fazer um esforço para que haja menos contestatários”, disse na televisão grega o ministro da Saúde, Panagiotis Kouroumplis, citado pela Reuters. Permanecem as dúvidas sobre as medidas acordadas com a troika poderão tirar o país da recessão. “Mas uma vez que concordámos com elas, devemos aplicá-las.”

Alexis Tsipras divulgou na terça-feira ao fim do dia um apelo que é ao mesmo tempo um desafio para a ala mais radical do Syriza, dizendo-lhe que tem de enfrentar a realidade e apoiar o acordo assinado com os credores. “Vi muitas reacções, vi declarações heróicas mas não vi nenhuma proposta alternativa”, afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que a maioria dos gregos quer continuar com o euro.

Mas as novas medidas de austeridade exigidas pelo acordo – que incluem o aumento do IVA, que entrou em vigor nesta segunda-feira – servem de protesto para as manifestações convocadas pelo principal sindicato da função pública, o ADEDY, e por vários grupos anti-sistema e outros ligados ao Partido Comunista para esta tarde, frente ao Parlamento. “Vamos continuar a nossa luta para que o resgate bárbaro não passe e seja derrubado”, diz um comunicado do ADEDY, citado pela Reuters.

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