Revolução no feminino na lista do PSD-Madeira para as legislativas

Guilherme Silva, Hugo Velosa e Correia de Jesus deixam a Assembleia da República para dar entrada a uma nova geração.

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Guilherme Silva Foto: Miguel Madeira

O presidente do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque, prometeu e cumpriu. A lista que os social-democratas madeirenses vão apresentar às eleições legislativas de Outubro é uma total revolução, e no feminino.

Nomes seculares do PSD-Madeira como Guilherme Silva, Hugo Velosa e Correia de Jesus deixam a Assembleia da República, dando lugar a uma nova geração de militantes numa lista que, pela primeira vez na Madeira, é encabeçada e dominada por mulheres.

Sara Madruga da Costa, advogada e actual deputada no parlamento regional; Rubina Berardo, economista e assessora na embaixada alemã e Paulo Sousa Neves, jornalista e consultor, são os três nomes que encabeçam as escolhas de Albuquerque, numa lista divulgada esta quarta-feira pelo Diário de Notícias do Funchal, e confirmada pelo PÚBLICO junto de fonte da Comissão Política do PSD-Madeira.

A lista fica completa com Daniel Borges, acount manager; Carolina Teixeira, médica; e André Candelária, engenheiro ligado à JSD-Madeira.

Guilherme Silva, actual vice-presidente do parlamento, fala de um tempo que acabou. “De forma alguma saio magoado, mas sim profundamente satisfeito por ver que o meu partido tem uma grande capacidade de renovação”, disse ao PÚBLICO, acrescentando que o aparecimento de “novos protagonistas” é fundamental para o país.

“Sempre disse que não sou deputado, estou como deputado. Essa foi sempre a minha postura ao longo destes anos”, sublinhou Guilherme Silva, que desde 1991 era a primeira escolha de Alberto João Jardim para as legislativas. “Nunca me ofereci para ser deputado, como nunca pedi para ser deputado”, reforçou, fazendo um balanço positivo das duas décadas que passou em São Bento.

Quem também não pediu, nem quis ir, foi Miguel de Sousa. O actual vice da Assembleia madeirense terá sido a primeira escolha de Albuquerque, mas declinou o convite, abrindo espaço para a lista mais feminina de sempre do PSD-Madeira.

Os nomes, que serão submetidos à aprovação da Comissão Política do PSD-Madeira, que decorre esta quinta-feira, e apreciados depois no fim-de-semana pelo Conselho Regional do partido, não são consensuais. A juventude - a média de idades ronda os 36 anos - e a pouca visibilidade que têm junto do eleitorado madeirense levantam algumas questões no interior dos social-democratas, habituados a ver o líder do partido a encabeçar sempre as listas para São Bento.

Mas Albuquerque quebrou com a tradição, que é seguida na região por PS e CDS, e apresenta caras novas com pouca experiência política. Sara Madruga da Costa, a número 1 da lista, tem tido um papel importante nos trabalhos da Comissão Eventual para a Reforma do Sistema Político, que está a reformular o regimento da Assembleia da Madeira e o Estatuto Político-Administrativo, mas até há poucos meses não tinha qualquer vivência parlamentar.

A Madeira elege seis deputados à Assembleia da República. Nas últimas eleições, o PSD madeirense ocupou quatro cadeiras em São Bento (Guilherme Silva, Correia de Jesus, Hugo Velosa e Francisco Gomes), ficando o PS (Jacinto Serrão) e o CDS (Rui Barreto) com os restantes lugares.

Hugo Velosa, que entrou na Assembleia em 1995, deseja as “maiores felicidades” aos que vierem a seguir. “Não há cargos vitalícios”, lembra o deputado, confessando sentir uma “enorme liberdade” ao tomar conhecimento que não vai continuar no Parlamento. “Vou continuar a poder dar mais ao partido e à Madeira, mesmo sem ser deputado”, afirma.

Tal como na Madeira, também o PSD-Açores afastou um ‘histórico’ da lista. Mota Amaral, ex-presidente da Assembleia da República, que foi substituído, também por uma mulher, neste caso Berta Cabral. Aqui o processo não foi tão pacífico, já que Mota Amaral manifestou publicamente o desejo de continuar, chegando mesmo a ser criado um movimento cívico de apoio à candidatura do ex-líder do PSD-Açores.

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