São Carlos não vai ter director artístico até haver novo Governo

Jorge Barreto Xavier falou na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República.

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Jorge Barreto Xavier Miguel Manso

O secretário de Estado da Cultura revelou nesta terça-feira no Parlamento que não vai ser nomeado por este Governo nenhum director artístico para o Teatro Nacional São Carlos. A deputada do PS Gabriela Canavilhas perguntou a Jorge Barreto Xavier se confirmava a negociação com Patrick Dickie, produtor e programador de ópera britânico, para o teatro lisboeta, ao que o secretário de Estado confirmou que este estava na lista e era considerado “uma referência relevante”.

“Temos uma circunstância que não é fácil de gerir”, respondeu Barreto Xavier, explicando que a escolha de um director artístico deve ser feita por um próximo Governo. A antiga ministra da Cultura avançou o nome de Patrick Dickie, mas o secretário de Estado limitou-se a dizer que este estava numa lista, e por isso a ser considerado, mas como consultor, à semelhança do que aconteceu no ano passado com Paolo Pinamonti.

Barreto Xavier disse ser muito difícil contratar um director artístico de renome internacional com os montantes actualmente disponíveis. Apesar de nesta altura não haver ainda nenhum nome confirmado, o secretário de Estado garantiu que a programação para a próxima temporada não está posta em causa: será anunciada em Julho, assim como o nome do novo consultor.

Patrick Dickie é consultor da English National Opera e do projecto artístico Aldeburgh Music, lê-se no seu currículo publicado no LinkdIn. Dickie, que vive em Londres, é ainda produtor do Festival Almeida Opera, organizado pelo teatro londrino com o mesmo nome.

Já quando no ano passado anunciou o musicólogo italiano como consultor artístico para o São Carlos, Barreto Xavier falou do “contexto de limitação e restrição [financeira] que vivemos” para não nomear um director artístico.

Em Dezembro, Pinamonti demitiu-se do cargo, já depois de o PS ter questionado o seu processo contratual um mês antes. O musicólogo italiano demitiu-se alegando incompatibilidade entre o cargo de Lisboa e aquele que ocupava em Madrid como director do Teatro de La Zarzuela. Desde então, a administração do Opart, o organismo que gere o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado, alegou estar a tentar arranjar uma solução que nunca foi anunciada.

No meio deste processo, vieram a público os problemas na gestão do Opart, que também sofreu alterações. O historiador de arte José de Monterroso Teixeira é o presidente do conselho de administração do organismo desde o final de Janeiro, e Carlos Vargas foi nomeado em Abril director-geral.

Num documento entregue aos jornalistas esta terça-feira no decorrer da reunião da Comissão de Educação, Ciência e Cultura na Assembleia da República, Gabriela Canavilhas alega que Patrick Dickie vem como programador para o teatro, acrescentando que esta figura não existe no organograma do Opart. A deputada socialista considera, como já o tinha feito com Pinamonti, que esta é uma forma de a tutela “fugir ao crivo das Finanças”. 

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