Rangel acredita que Portugal está preparado para o embate da saída da Grécia da zona euro

O ex-candidato à liderança do PSD acusa o Governo grego de ter desperdiçado todas as oportunidades que lhe foram dadas.

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Paulo Rangel apresentou nesta quarta-feira o livro "Jesus e a Política, Reflexões de um Mau Samaritano" nFactos/Fernando Veludo

O eurodeputado Paulo Rangel disse nesta quarta-feira, no Porto, que “Portugal está perfeitamente preparado para aguentar o duro embate” de uma eventual saída da Grécia da zona euro e lançou um apelo aos partidos políticos para que em época eleitoral “sejam responsáveis nas promessas que fazem”.

“Não estou a ver isso da parte do PS. Este tipo de facilidades que António Costa tem vindo a oferecer pode em Julho, Agosto, em Setembro causar sérios problemas ao país”, avisou o eurodeputado do PSD esta quarta-feira à noite, à entrada do Palácio da Bolsa, no Porto, onde decorre a sessão da apresentação do seu livro Jesus e a Política, Reflexões de um Mau Samaritano, que será feita por Jaime Gama e pelo seu filho João Gama. Pedro Passos Coelho também marcou presença na cerimónia, que juntou algumas centenas de pessoas no Salão Árabe do Palácio da Bolsa.

 “É preciso distinguir claramente as posições dos partidos que oferecem soluções de crescimento, mas razoáveis e prudentes daqueles que querem oferecer tudo e prometer tudo a todos”, sublinhou o ex-candidato à liderança do PSD, que entende, no entanto, que a “Europa não quer em caso nenhum deixar cair a Grécia”.

Questionado se estava a acusar os socialistas de serem irresponsáveis, Rangel contornou a resposta, afirmando que o “PS começou por uma posição de alguma responsabilidade, mas nas últimas intervenções – basta ver as intervenções de António Costa sobre a TAP e outras – está a prometer tudo a todos” e tratou de prevenir que “Portugal vai ser muito observado porque vai estar num período eleitoral e, portanto, aqueles que defenderem a estabilidade e a prudência serão aqueles que estarão em condições de garantir as melhores soluções para Portugal”.

Em declarações aos jornalistas na véspera de mais uma reunião do Eurogrupo, que vai discutir a situação da Grécia, Paulo Rangel vincou que “a Europa não quer em caso nenhum deixar cair a Grécia, mas os gregos são soberanos e podem fazer as suas escolhas”: “Não penso que os gregos queiram esta solução e, nesse aspecto, penso que o Governo grego não está a cumprir os interesses do povo grego e da Grécia”. “A situação da Grécia é motivo de extrema preocupação, mas, sinceramente, enquanto o Governo grego mantiver esta posição inflexível, penso que não vamos conseguir chegar a um acordo e isto vai ter efeitos muito, muito devastadores para a zona euro e para os países da União Europeia”, decretou o eurodeputado.

Rangel destacou à subida dos juros da dívida em vários países da zona euro, nomeadamente na Alemanha, mas separou águas. ”Também há aqui um efeito correctivo que não tem a ver com isso [subida dos juros da dívida], tem a ver com o facto de na própria Alemanha estarem a subir por razões que eu diria estruturais que não tem apenas a ver com a questão grega e faz com todos os outros subam, mas em todos os casos é uma situação muito preocupante”, explicou.

Revelando não estar surpreendido com o que se está a passar naquele país, o eurodeputado apontou o dedo ao próprio Governo grego que “falhou todas as propostas que foram feitas e não foi capaz de perceber que tinha no presidente Juncker o maior aliado, pelo contrário, não aproveitou essa grande oportunidade que o presidente da Comissão Europeia lhe deu”

Em seu entender, “isto mostra que os países que têm uma política prudente e que não fazem promessas que não são cumpríveis são aqueles que acabam por ser recompensados”.

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