Defesa de Sócrates acusa PGR de proteger suspeitos de fugas de informação

Advogado recusa ter divulgado a gravação do interrogatório e garante que quando violar segredo de justiça coloca o "nome por baixo" por ser "demasiado vaidoso para ser cobarde".

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João Araújo Enric Vives-Rubio

O advogado de José Sócrates, João Araújo, acusou na noite desta sexta-feira a Procuradoria-Geral da República de “proteger” os suspeitos das fugas de informação. A acusação foi feita em entrevista à RTP na sequência da divulgação na revista Sábado da gravação do interrogatório do ex-primeiro-ministro, realizado no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, em Lisboa.

“A procuradoria só não persegue os autores da graça porque não quer. E não quer porque os quer proteger. No caso da Sábado são pessoas fora da procuradoria. Sei porque assisti à prestação de depoimento do senhor engenheiro Sócrates a propósito da violação do segredo de justiça”, disse João Araújo.

O advogado alegou ainda que “escolher a defesa [como suspeita da violação por ter tido acesso a DVD com a gravação] é uma péssima ideia porque a defesa não viola o segredo de justiça". Porém, João Araújo considerou recentemente, em declarações ao PÚBLICO, que o “segredo de justiça acabou” e garantiu que passará a entregar à comunicação social os documentos que enviar ao tribunal, o que na prática se traduz num aviso de que violará o segredo de justiça quando o fizer.

Ao mesmo tempo recorreu à ironia: “No dia em que quisermos transmitir peças do processo cá para fora colocamos o nome por baixo. Nós não atiramos pedras e escondemos a mão. Tanto eu como o meu colega somos demasiado vaidosos para ser cobardes”, gracejou.

Quanto ao DVD da gravação do interrogatório de Sócrates no DCIAP, departamento onde os depoimentos são gravados em imagem e áudio, Araújo repudiou a informação da PGR. Esta quinta-feira, a Procuradoria, no contexto da violação do segredo de Justiça e questionado sobre isso pelo PÚBLICO, adiantou que a defesa de Sócrates tinha em sua posse um DVD da gravação que, aliás, tinha requerido. Considerando que essa informação da PGR surge como insinuação, considerou esse acto uma “vigarice” e garantiu que “a defesa não divulgou porque não tinha interesse em divulgar”.

Para o advogado, a divulgação do conteúdo do interrogatório terá servido o interesse de quem queria desviar as atenções dos efeitos da decisão de manter Sócrates na cadeia. “Importa perceber o barulho que se está a fazer relativamente a mais uma violação do segredo. Para distrair. É que a manutenção da prisão do engenheiro Sócrates está a ser mal recebida pelas pessoas”, disse João Araújo.

Já quanto ao facto de a carta em que Sócrates explicou a recusa da pulseira electrónica ter sido divulgada no fim-de-semana em que decorria a convenção nacional do PS, João Araújo não quis comentar o alegado mal-estar criado no PS. Sócrates “não comanda o decurso dos dias". "Tinha de ser naquele dia porque foi naquele dia que se colocou a questão de sim ou não”, apontou.

 

 

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