Sindicato dos tripulantes diz que venda da TAP ainda não é um dado adquirido

SNPVAC lembra que há uma providência cautelar por decidir, frisa que Bruxelas ainda tem de aprovar a venda e que falta a “assinatura do próximo Governo”.

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O Governo anunciou a venda dos 61% da TAP ao dono da Azul Raquel Esperança

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) não dá como adquirida a venda da TAP ao consórcio Gateway, que junta o empresário David Neeleman (dono da transportadora aérea brasileira Azul) e o português Humberto Pedrosa (dono da Barraqueiro).

O SNPVAC acusa o Governo de ter anunciado nesta quinta-feira a venda da companhia como se o negócio já estivesse concluído, o que o sindicato dos tripulantes considera não corresponder à realidade.
“Veio o Governo, especialmente nas pessoas do ministro Poiares Maduro e do Secretário de Estado Sérgio Monteiro, fazer anúncio oficial de que estava escolhido o consórcio que ficará com, para já, 61% da TAP-SGPS. Faz esta declaração como sendo um dado adquirido, uma inevitabilidade da qual não há recurso. Nada mais falso!”, critica o SNPVAC, num comunicado enviado às redacções. “Aquilo que parece ser uma conclusão de um processo não passa, mais uma vez, de uma vontade do executivo”.O sindicato diz que “convém” lembrar que “falta a decisão do Supremo Tribunal Administrativo quanto às providências cautelares interpostas” contra a privatização e as “respectivas acções judiciais”, e frisa que ainda é preciso que a Comissão Europeia se pronuncie sobre o negócio.A estes procedimentos, o SNPVAC acrescenta ainda mais um factor condicionante: “Porque estes processos demoram meses a serem concluídos, falta também o aval e assinatura do próximo Governo”. Insistindo que não se deve assumir que tudo está decidido, o sindicado dos tripulantes diz que vai aguardar pelos próximos passos e promete não baixar os braços contra a privatização. “Aguardamos, mas, seguramente, não parados”, refere.O consórcio formado pelos donos da Azul e da Barraqueiro venceu a proposta apresentada pelo Germán Efromovich. Pelos 61% do capital da TAP, ofereceu dez milhões de euros, mas o valor relativo às restantes acções, que para já continuam no Estado, pode chegar aos 140 milhões de euros, anunciou a secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco.Ao valor a pagar pelos 61%, que representam encaixe imediato para o Estado, somam-se 354 milhões de euros para injectar na companhia de aviação. Segundo o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, os novos donos asseguram que a sede e a direcção da TAP vão continuar em Portugal “pelo menos dez anos”, o mesmo tempo a que está obrigado a manter as obrigações de serviço público, as “licenças de exploração” e as “ligações-chave”.
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