Costa contrapõe à estabilidade governativa de Passos a “instabilidade” na vida dos portugueses

Líder socialista aproveita arranque da Convenção para responder ao PSD e CDS. Fechou a porta ao tecto constitucional à dívida.

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António Costa esta sexta-feira à noite na abertura da Convenção do PS. Nuno Ferreira Santos

A estabilidade política não é garantia suficiente para assegurar segurança na vida dos portugueses. Foi esta a ideia com que o secretário-geral do PS, António Costa, assinalou o arranque da Convenção onde o principal partido da oposição tenciona apresentar o seu programa eleitoral.

No Coliseu dos Recreios, em Lisboa, o líder socialista aproveitou para responder ao discurso da direita. Recordando o mandato da coligação, Costa afirmou que os últimos “quatro anos de estabilidade governativa foram quatro anos de instabilidade para os portugueses”. “Foram quatro anos de sobressalto quotidiano no emprego, nos salários ou nos impostos. Estes quatro anos de estabilidade política corresponderam a quatro anos de instabilidade para as famílias e empresas portuguesas."

Era a resposta à apresentação das linhas de Passos Coelho e Paulo Portas apresentadas esta semana que tentou potenciar os méritos da continuidade da coligação PSD/CDS, contra a “aventura” que representava o PS. Mas também aos sinais dados pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre os riscos relacionados com governos minoritários.

Mas o foco esteve sempre no actual Governo. Rejeitou taxativamente a proposta da coligação de instituir um tecto constitucional para a dívida. Acusou o Executivo de Passos de ter feito subir a dívida dos 97% para 130% do Produto Interno Bruto, enquanto que ele próprio, na Câmara de Lisboa, consigo a presidente, a reduzia. "Eu não precisei de nenhuma norma na Constituição para reduzir a dívida em 40%", declarou António Costa.

O ex-autarca falou ainda de uma coligação “esgotada” e descredibilizada. Recuperou a iniciativa da coligação para questionar a “confiança” nos seus compromissos assumidos. “Ninguém lhes dá  confiança para comprar promessas em segunda mão”, disse Costa antes de lembrar a diferença entre o que haviam feito no Governo e o que haviam prometido na campanha eleitoral.

Também o economista Mário Centeno, que coordenou o estudo macro-económico que antecedeu o programa do PS, atacou abertamente o Executivo de Passos. Apesar de ser visto como ideologicamente mais à direita, o conselheiro especial da administração do Banco de Portugal, acusou a direita de governar pelo medo. “A economia portuguesa foi gerida nos últimos anos com base no medo e na culpa. Quase perdemos a confiança em nós. Fomos convidados a procurar alternativas fora de Portugal”, disse antes de falar nas politicas implementadas “de costas voltadas para os portugueses”. Que apresentou em oposição ao exercício que o PS o desafiara a levar a cabo. “A primeira tarefa do grupo que coordenei foi diagnosticar. Desmontar uma realidade construída com mitos. Era necessário conhecer Portugal”, disse.

A Convenção ouviu também o dirigente da FAUL e deputado, Marcos Perestrello, a atacar o Governo, classificando as “nove promessas da coligação” como uma “mão cheia de nada”, que o levou a pedir “uma maioria absoluta do Partido Socialista, para que o país tenha o governo que merece e de que precisa, o mais rapidamente possível.”

A iniciativa socialista prosseguiu com duas palestras, uma sobre Rendimento e outra sobre Inovação. Mas o secretário-geral do PS não esperou por esses momento para inovar na imagem. Costa discursou fora do palanque – apesar de haver quatro no palco – e sem papéis ou teleponto, enquanto no ecrã o seu nome surgia riscado pelo desenho de uma linha ascendente.

 

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