Estados Unidos “profundamente preocupados” com o veredicto de Morsi

Egipto criticado pela condenação à morte de 107 egípcios da Irmandade Muçulmana, incluindo o ex-presidente do Egipto.

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Ex-presidente egípcio Mohamed Morsi, quando o juiz leu neste sábado a sentença Khaled Desouki/AFP

Um diplomata norte-americano diz que há uma “profunda preocupação” em relação à condenação à morte do ex-presidente egípcio Mohamed Morsi e de mais 106 egípcios, conhecida neste sábado.

“Somos sempre contra a prática de processos de condenação à morte em massa que são levados a cabo de uma forma que contraria as obrigações internacionais do Egipto e o respeito pela lei”, disse um diplomara norte-americano sob anonimato, citado pela agência AFP neste domingo.

Mohamed Morsi, deposto pelo exército em 2013, foi um entre os 106 membros e apoiantes da Irmandade Muçulmana a ouvir, este sábado, uma sentença de morte num tribunal do Cairo. Os juízes consideraram válidas as acusações de evasão da prisão e violência e morte de manifestantes durante a revolta de 2011, que acabou por levar à queda do então Presidente, Hosni Mubarak, que esteve 30 anos no poder. A 2 de Junho, haverá um veredicto final.

Youssef al-Qaradawi, um reconhecido imã egípcio, é um dos condenados à morte. Num vídeo colocado na sua conta de Twitter, neste sábado, o imã, que vive no Qatar, disse que a decisão “era um absurdo” e violava a lei islâmica. “Estas decisões não têm qualquer valor e não podem ser postas em prática porque são contra as regras de Deus, e as leis das pessoas… ninguém vai aceitá-las”, disse, citado pela agência Reuters.

O imã é conhecido pelas críticas que faz a Abdel Fatah al-Sissi, chefe militar e o actual Presidente do Egipto, o que provocou uma brecha entre o Qatar e outros países da Península Arábica que defendem a autoridade de Sissi. O Governo do Egipto e países como a Arábia Saudita alegam que a Irmandade Muçulmana é uma organização terrorista.

No sábado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi o primeiro a criticar o veredicto de Morsi. A decisão mostra “um regresso ao Egipto antigo” para o qual contribuiu o fechar dos olhos dos ocidentais ao golpe que derrubou Mohamed Morsi, um presidente eleito por 52% dos eleitores, criticou o líder turco.

Também a Amnistia Internacional reagiu ontem à decisão: “A pena de morte tem sido a ferramenta preferida das autoridades egípcias para purgar a oposição política.” 

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