Costa e Nóvoa juntos em cerimónia recusam falar sobre apoios a presidenciais

Henrique Neto já apresentou a candidatura. O PS reserva-se para "momento oportuno", mas socialistas e mesmo vozes de outros partidos têm alimentado polémica em torno dos nomes avançados.

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Mário Soares já declarou apoio a Sampaio da Nóvoa Miguel Manso

Dois dias após Sampaio da Nóvoa ter deixado em aberto uma candidatura à Presidência da República, o ex-reitor surgiu numa cerimónia ao lado do secretário-geral do PS, António Costa. Enquanto Nóvoa se remeteu ao silêncio, Costa considerou “prematuro” falar sobre presidenciais, sobretudo quando se trata de dizer quem vai o PS apoiar. Horas depois, ainda nesta segunda-feira, Nóvoa marcou presença na tomada de posse de Fernando Medina como presidente da Câmara de Lisboa. Sentou-se na primeira fila, onde estavam Mário Soares, Jorge Sampaio e Ferro Rodrigues.

Em entrevista no sábado ao Jornal de Notícias, Sampaio da Nóvoa não foi peremptório a afirmar-se como candidato, mas confirmou “estar disposto a dar tudo pelo país, seja em que lugar for”.

Nesta segunda-feira, além de ter aparecido na tomada de posse de Fernando Medina como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Sampaio da Nóvoa esteve também numa cerimónia com António Costa, no Instituto Superior Técnico. Após a apresentação do projecto de reconversão da antiga gare do Arco do Cego num centro académico, Costa afirmou, citado pela Lusa, que o partido se pronunciará "no momento próprio" sobre candidatos às presidenciais e recusou falar "em abstracto" sobre possíveis candidaturas, como a de Sampaio da Nóvoa.

Apesar disso, lembrou que "o Presidente da República não pode ser um representante dos partidos", mas sim "um cidadão que representa o conjunto de cidadãos".

Como “o PS não tem por hábito propor candidaturas presidenciais”, mas “apoiar candidatos presidenciais", é preciso, frisou Costa, que “apareçam, surjam, existam". Mas o socialista acredita que nos próximos meses várias personalidades deverão avançar. Para já, “é prematuro" falar sobre o tema. “A direcção do PS ainda não se pronunciou nem se pronunciará tão cedo", garantiu o socialista, para quem a prioridade são as legislativas, às quais vai concorrer.

Sobre as declarações críticas do membro do secretariado-nacional do PS Sérgio Sousa Pinto acerca de Nóvoa, Costa referiu que "o PS felizmente é um partido livre onde cada um pensa pela sua cabeça". No Facebook, Sousa Pinto escreveu o seguinte: “Não lhe basta a sublime virgindade de, em 60 anos, nunca se ter metido com partidos, de que fugiu como do tifo. Também parece que agradece a Deus a graça de ser pobre. Antes do partido dos mujiques que do movimento do Mujica. Assistimos com horror à demagogia venezuelana do PODEMOS e o fenómeno político latino-americano apareceu-nos pela porta traseira. Esta não é a minha esquerda.”

Também no final de Março, quando se soube que o militante socialista Henrique Neto ia avançar, houve críticas. Apesar de já nessa altura recusar comentar, Costa acabaria por dizer: “É-me indiferente.”

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Mário Soares já anunciou apoiar Nóvoa e quem também valorizou a eventual candidatura do ex-reitor foi Marcelo Rebelo de Sousa, no comentário na TVI. Para o também eventual candidato a Belém, Nóvoa é o ideal para unir a esquerda. Na SIC, o social-democrata Marques Mendes, mostrou outra perspectiva: a possível candidatura do ex-reitor é uma prenda de Páscoa para Marcelo, pois o antigo presidente do PSD é “popular e conhecido” e Nóvoa não.

Também o eurodeputado socialista Carlos Zorrinho já se pronunciou no Facebook: “Se Guterres for candidato, o problema das presidenciais está resolvido para a esquerda”. Apesar disso, considera Sampaio da Nóvoa “um candidato de alto perfil”, assim como Maria de Belém ou Jaime Gama. E avisa: “As polémicas são armadilhas cuidadosamente armadas pela direita. Fujamos delas.”

No blogue Causa Nossa, o ex-eurodeputado pelo PS Vital Moreira lembrou não ser a primeira vez que demonstra “dúvidas” sobre “um eventual apoio do PS à candidatura” de Nóvoa, “que parece cada vez mais provável”. Das reservas que suscitou – “discurso político próximo das esquerdas radicais e visão intervencionista do cargo presidencial” – considera “mais grave a segunda”. “O que menos precisamos em Belém é de um provável trouble maker institucional”, escreve.

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