OMS reconhece ter agido tarde no combate ao ébola

Progressão da epidemia foi travada. Mas Margaret Chan, directora-geral da Organização Mundial da Saúde, diz que não há “espaço para complacências”.

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Margaret Chan disse que a epidemia do ébola é uma lição para o futuro Pierre Albouy/AFP

A directora da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, neste domingo, que a organização foi lenta a reagir à epidemia do ébola, que atinge países na África Ocidental, e disse que o que aconteceu deverá servir de lição para o futuro.

Na abertura de uma reunião de urgência em Genebra, na Suíça, a directora-geral da OMS, Margaret Chan, estimou que, apesar de haver uma pausa no crescimento da epidemia, não haverá mais “espaço para complacências”, sublinhando que os progressos contra esta doença podem ser rapidamente perdidos.  

Na reunião, com o objectivo de se restruturar o combate contra a doença, Margaret Chan apelou a uma maior mobilização por parte da organização.

“A África Ocidental estava a confrontar-se com a sua primeira experiência com o vírus… O mundo, incluindo a OMS, foi demasiado lento a ver o que se desenrolava à nossa frente”, declarou aos delegados, juntos pela terceira vez numa reunião de urgência na história da OMS.

“A tragédia do ébola ensinou ao mundo inteiro, incluindo a OMS, como prevenir este género de fenómenos no futuro”, acrescentou. “O mundo imprevisível dos micróbios vai reservar-nos surpresas todos os dias.”

“O mundo nunca mais deverá ser apanhado de surpresa”, insistiu Margaret Chan, apelando a uma vigilância mundial e à doação de mais recursos financeiros para combater a epidemia do ébola.

Depois de o surto ter surgido em Dezembro de 2013, cerca de 9000 pessoas já morreram devido ao vírus do ébola. A maioria dos afectados vivia em três países africanos: Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa.

“Os números dizem-nos que travámos a progressão e evitámos o pior”, declarou a responsável. Mas “novos casos podem reaparecer devido a uma negligência, devido a um enterro ou quando há resistência feita por uma comunidade”, acrescentou. “Essas situações de alto risco continuam a ocorrer.”

A directora exigiu ainda a mobilização de “fundos de urgência destinados a poder-se responder rapidamente a situações de urgência” e sublinhou a necessidade de reforçar a gestão da crise dentro da própria OMS e de se criar uma coordenação internacional mais eficaz.

“Os países devem ser apoiados para poderem ter os recursos humanos necessários para responder a situações de emergência e prepararem-se para agir com uma precisão militar”, insistiu.

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