Hong Kong desmantela o último acampamento de protestos

Operação marca o fim das manifestações pró-democracia iniciadas há dois meses.

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Mais de uma dezena de manifestantes que se recusaram abandonar o local foram detidos Isaac Lawrence/AFP

As autoridades de Hong Kong desmantelaram nesta segunda-feira o último, e mais pequeno, dos três acampamentos que sobreviviam na cidade, pondo um ponto final nos protestos pró-democracia iniciados há mais de dois meses.

A polícia tinha anunciado no fim-de-semana que iria desmantelar as tendas que nesta segunda-feira permanecessem em Causeway Bay, um bairro comercial muito popular entre os turistas da China continental. Cerca de cem agentes entraram no local durante a manhã, removeram as barricadas e detiveram mais de uma dezena de pessoas, incluindo alguns idosos, que se sentaram no chão, recusando as ordens para dispersar.

Enquanto os activistas tentavam à pressa arrumar os seus pertencentes, funcionários municipais desmantelaram as tendas e limparam o que restava do acampamento, abrindo em seguida as ruas ao trânsito.

“Não acho que tenha sido um fracasso e isto não é o fim”, disse à Reuters K.T Tang, um dos resistentes dos protestos iniciados no final de Setembro contra a decisão de Pequim de pré-seleccionar três candidatos às eleições para o próximo chefe do governo local. A decisão contraria o que a população local diz ter sido o compromisso assumido quando Hong Kong foi transferido para a China, em 1997, de permitir o sufrágio universal na região administrativa, que continua a gozar de um estatuto especial, com maior liberdade e autonomia do que o resto do país.

As manifestações encheram as ruas dias a fio, paralisando o centro da cidade, naquele que foi considerado o maior desafio enfrentado por Pequim desde os protestos na praça Tiananmen, em 1989. O protesto baixou de tom com a promessa de diálogo feita pelas autoridades locais, mas durante semanas três acampamentos resistiram à desmobilização da maioria dos manifestantes. O primeiro foi desmantelado ainda em Novembro, numa acção que gerou várias noites de confrontos com a polícia, e na semana passada as autoridades desmontaram o que restava do principal, no distrito financeiro de Admiralty, sem grandes incidentes.

“Espero que da próxima vez que nos juntemos nas ruas estejamos a celebrar e não a derramar lágrimas por não ter conseguido nada”, disse Tang, lamentando que as autoridades não tenham feito até agora qualquer cedência significativa.

A Reuters adianta que os líderes do protesto, alguns dos quais foram detidos para logo depois serem libertados, estão a ponderar outras formas de desobediência civil. Mas dizem temer que as autoridades de Pequim aproveitem o fim da atenção internacional para fazer purgas no sistema judicial, nos meios de comunicação e nas universidades com o objectivo de evitar novos protestos.

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