Governo recebe sindicatos para tentar travar greve na TAP

Reunião entre a plataforma sindical e o secretário de Estado dos Transportes está agendada para sexta-feira, às 16h.

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Pires de Lima Renato Cruz Santos
Pilotos argumentam ter direito a uma fatia da TAP no processo de privatização
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Pilotos argumentam ter direito a uma fatia da TAP no processo de privatização Foto: Carlos Lopes/Arquivo

O Governo vai receber a plataforma sindical da TAP na sexta-feira para tentar travar a greve de quatro dias agendada como protesto contra a privatização do grupo. A reunião, que juntará os 12 sindicatos, o ministro da Economia e o secretário de Estado dos Transportes, está agendada para as 15h.

O encontro foi agendado na quarta-feira, ainda antes de a paralisação ter sido anunciada oficialmente, mas depois de o PÚBLICO ter avançado que estava nos planos da plataforma agendar uma greve de quatro dias a 27, 28, 29 e 30 de Dezembro, entre o Natal e o Ano Novo.

Sérgio Monteiro convocou os 12 sindicatos para estarem no Ministério da Economia às 15h, respondendo a um pedido de audiência que estes tinham feito ao secretário de Estado dos Transportes. O encontro também contará com a presença do ministro da Economia. A plataforma também solicitou um encontro com Presidente da República, como o primeiro-ministro e com a ministra das Finanças, mas ainda não obteve resposta.

Nesta quinta-feira, o ministro da Economia, António Pires de Lima, confirmou que está agendada para sexta-feira uma reunião no ministério com os sindicatos da TAP, rejeitando fazer comentários sobre a convocação da greve.

Pires de Lima, que se encontra em Boston (Estados Unidos), disse, citado pela Lusa, que "há uma reunião marcada desses sindicatos no Ministério da Economia com o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, e onde ele próprio procurará estar para ouvir os sindicatos, perceber as motivações desta greve que foi anunciada".

Por isso, "acho que não seria curial estar-me a pronunciar sobre este tema", que classificou de "sensível" e "delicado", relativamente a uma empresa "muito importante para os portugueses" e que "presta serviços relevantes todo o ano".

Pires de Lima falava à Lusa e à RTP em Boston, à margem de uma iniciativa do programa Portugal Ventures, que decorreu no Cambridge Innovation Center.

O ministro rejeitou pronunciar-se publicamente sobre o tema, nomeadamente por estar nos Estados Unidos a "promover a actividade exportadora, de inovação e de empreendedorismo" portuguesa.

"Vou ouvir e não quero de maneira nenhuma estar-me a antecipar publicamente àquilo que será a reunião de sexta-feira", reiterou.

Questionado sobre se a marcação da greve é definitiva ou se poderá haver alterações, Pires de Lima disse que iria "transmitir em primeira-mão aos sindicatos aquilo" que é a sua "sensibilidade relativamente a esta matéria".

"Não é por receio ou medo" que não reajo ao tema em Boston, mas sim "por respeito aos próprios trabalhadores e instituição" que reservo o direito de reagir após ouvir os sindicatos.

Questionado sobre se vai privatizar a TAP no período que tem traçado, Pires de Lima afirmou: "Essa é uma questão que nem se põe". O ministro garantiu que a venda da TAP vai acontecer "durante os primeiros meses de 2015".

Em comunicado conjunto divulgado na quarta-feira, a plataforma que reúne os 12 sindicatos da TAP adiantou que a greve tem como objectivo "sensibilizar o Governo para a necessidade de travar o processo de privatização".

A greve de quatro dias convocada pelos sindicatos da TAP pretende contestar os moldes e o momento escolhido para relançar esta operação, depois de a primeira tentativa ter fracassado em 2012, com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich.

A privatização da TAP foi relançada a 13 de Novembro deste ano, prevendo, numa primeira fase, a venda de 66% do capital do grupo. O objectivo, no entanto, é que o Estado saia totalmente do capital a médio prazo, tendo ficado estabelecido que o comprador poderá ficar com os restantes 34% num período de dois anos após o contrato de venda e se cumprir as obrigações previstas.

A plataforma sindical critica o facto de os trabalhadores estarem a ser excluídos do processo, defendendo ainda que não há garantias de que este modelo de venda salvaguarde os interesses nacionais.

Nesta quinta-feira, os tripulantes e os pilotos da PGA vão reunir-se para votar se aderem aos protestos, o que se espera que aconteça, à semelhança da decisão tomada na quarta-feira, em assembleia geral, pelos pilotos da TAP. 

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